Os primeiros agricultores europeus eram capazes de actos cirúrgicos sofisticados
2010-01-27, in Ciência Hoje
Esqueleto com braço amputado
Arqueólogos franceses encontraram vestígios de uma amputação cirúrgica com 6900 anos. O esqueleto de um homem com um braço amputado por um bisturi de sílex foi encontrado em Buthiers-Boulancourt, a 40 quilómet
ros a sul de Paris.
Para a equipa de investigadores que publicou agora o seu estudo sobre o achado, na revista «Antiquity», esta descoberta abre várias pistas para se perceber melhor a época neolítica, quando a sociedade de caçadores-recolectores foi substituída pela sociedade sedentária e agrícola.
O esqueleto é o de um homem de grande estatura (com dois metros de altura) que viveu entre 4700 e 4900 a.C. e que sofria de artrose nas vértebras cervicais.
Cécile Buquet-Marcon explica que a limpeza do corte descarta a possibilidade de que o osso tenha sido cortado devido a algum tipo de acidente. A precisão do corte revela que terá sido alguém especializado nessa tarefa a realizar o acto cirúrgico.
O paciente terá sido anestesiado em condições assépticas. O corte estava limpo e a ferida foi devidamente tratada.
Detalhe do osso com sinais de amputação
Os sinais se cicatrização indicam que o homem viveu vários anos após a amputação. Este pormenor é importante pois mostra, acreditam os investigadores, que aquele tipo de sociedade tinha hábitos solidários e onde a integração de pessoas diminuídas fisicamente seria uma realidade.
Outras evidências de cirurgias
Não é a primeira vez que surgem evidência de operações cirúrgicas no neolítico. Recentemente, foram reportados sinais de duas amputações na Alemanha e na República Checa.
Já em épocas anteriores eram praticadas trepanações, aberturas cirúrgicas no crânio, mas as amputações só estão registadas nesta época.
Segundo o relatório da INRAP (Institut National de Recherches Archéologiques Préventives), os primeiros agricultores europeus eram, de facto, capazes de actos cirúrgicos sofisticados.
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