sábado, 25 de agosto de 2012

Migrações humanas começaram mais cedo do que se pensava

Um esqueleto muito antigo foi encontrado numa gruta nas montanhas Anamitas, no norte do Laos. Os fragmentos demonstram que as migrações humanas para o Sudeste Asiático começaram 20 mil anos antes do que se pensava, segundo revelou um estudo norte-americano publicado na PNAS.

Os fragmentos, onde se encontrava também um crânio, têm entre 46 mil e 63 mil anos – constituindo os restos humanos mais antigos até agora descobertos no e sugere que o êxodo não ocorreu apenas junto à costa marítima.

A descoberta vem mostrar ainda que os primeiros seres humanos também se instalaram no interior em locais pouco conhecidos, quando se deslocaram da áfrica para a Austrália, segundo refere no estudo Laura Shackelford, paleoantropóloga da Universidade de Illinois (EUA).

A investigadora considera que o fóssil encontrado apoia o Modelo Fora de África (ou Hipótese da origem única) que defende que todos os seres humanos hoje vivos descendem de um único grupo de Homo sapiens, surgido entre há 200 mil e 100 mil anos, que teria deixado posteriormente o continente africano há aproximadamente três mil gerações, ou entre 55 mil e 60 mil anos.

Os resultados de estudos genéticos levados a cabo pela equipa de Shackelford indicam a passagem dos primeiros humanos na região há pelo menos 60 mil anos.

Quaternary International


Volumes 272–273, Pages 1-362
12 September 2012

The Magdalenian Settlement of Europe
Edited by Lawrence Guy Straus, Thomas Terberger and Denise Leesch

Neanderthal breeding idea doubted

By Jonathan Ballin
 in BBC News

Neanderthals were close evolutionary cousins
of our own species - Homo sapiens
 
Similarities between the DNA of modern people and Neanderthals are more likely to have arisen from shared ancestry than interbreeding, a study reports.

That is according to research carried out at the University of Cambridge and published this week in PNAS journal.

Previously, it had been suggested that shared parts of the genomes of these two populations were the result of interbreeding.

However, the newly published research proposes a different explanation.

The origin of modern humans is a hotly debated topic; four main theories have arisen to describe the evolution of Homo sapiens.

All argue for an African origin, but an important distinction in these competing theories is whether or not interbreeding - or "hybridisation" - occurred between Homo sapiens and other members of the genus Homo.

In the current study, Cambridge evolutionary biologists Dr Anders Eriksson and Dr Andrea Manica used computer simulations to reassess the strength of evidence supporting hybridisation events.

They argue that the amount of DNA shared between modern Eurasian humans and Neanderthals - estimated at between 1-4% - can be explained if both arose from a geographically isolated population, most likely in North Africa, which shared a common ancestor around 300-350 thousand years ago.

When modern humans expanded out of Africa, around 60-70,000 years ago, they took that genetic similarity with them.

By contrast, previous ancient DNA studies of Neanderthal remainshave shown that their genomes harbour genetic signatures - polymorphisms - that are also seen in the genomes of modern Europeans, East Asians and Oceanians (from Papua New Guinea) but not in modern African populations.

Professor Julian Parkhill visits the Wellcome Collection
to unravel the science behind the genome
 
The findings challenged previously held views - based on several lines of evidence - that modern humans had replaced the Neanderthals with little or no gene flow occurring between the two groups.

The observations from the Neanderthal genome led some evolutionary biologists to argue that this genetic similarity had arisen through hybridisation between Neanderthals - already resident in Europe and western Asia - and the ancestors of present-day non-Africans.

Prof David Reich, from Harvard University in Cambridge, US - an exponent of the hybridisation theory - is not convinced that the data represents a powerful argument against interbreeding.

By using methods that are able to differentiate between genetic similarity caused by gene flow via hybridisation vs shared ancestry, he argues that "the patterns observed [in our analyses] are exactly what one would expect from recent gene flow" - a view shared by his collaborator Professor Svante Paabo from the Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology in Leipzig, Germany.

Prof Reich went on to say that their data shows that Neanderthals and non-Africans last exchanged genetic material 47-65,000 years ago.

Quaternary Research


Volume 78, Issue 2, Pages 157-404
September 2012

Evolution and Human Behavior


Volume 33, Issue 5, Pages 427-594
September 2012

Geomorphology


Volumes 169–170, Pages 1-214
1 October 2012

Volumes 171–172, Pages 1-210
15 October 2012

Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology


Volumes 353–355, Pages 1-122
1 October 2012

sábado, 11 de agosto de 2012

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Descobertos os “fósforos” mais antigos, usados para fazer fogo por fricção

Fotografia dos objectos de barro cozido que mostram
estrias e marcas devido à utilização. DR
Os fósforos como os conhecemos agora são uma invenção do século XIX, mas desde a pré-história que o homem faz fogo. Para isso, os povos utilizavam uma parafernália de utensílios. Uma equipa da Universidade Hebraica de Jerusalém analisou pequenos objectos de barro com 8000 anos, que antes se pensava serem formas fálicas de culto, e percebeu que serviam como “fósforos” para atear a chama. Estes “fósforos” são os mais antigos até agora encontrados, segundo o artigo publicado na revista PLoS One. 

A equipa de Naama Goren-Ibar estudou mais de 80 destes objectos descobertos no sítio arqueológico de Sha’ar HaGolan, no Nordeste de Israel, onde há 8000 anos florescia a cultura neolítica Yarmukian. Os objectos estavam no Museu de Israel em Jerusalém classificados como objectos de culto. 

Goren-Ibar em visita ao Museu viu naqueles objectos outro propósito. “Veio-me imediatamente à cabeça que estes objectos eram muito parecidos com todos os paus que se usam para fazer ‘fogo por fricção’”, explicou a investigadora, citada pela BBC News. “Temos provas da utilização de fogo feito pelos humanos modernos e pelos Neandertais, devido a [elementos arqueológicos como] madeira queimada, cinzas e lareiras. Mas nunca foi encontrado nada que se relacionasse com a forma de atear o fogo.

O fogo por fricção pode ser feito com um arco de madeira com um cordão que prende uma broca – um pedaço de madeira cilíndrico. A ponta esférica deste pedaço de madeira ajusta-se a um buraco feito numa placa de madeira que fica no chão. Segurando a broca com uma pedra, pode-se utilizar o arco e a corda para girar a broca e fazer fricção na madeira ateando o fogo.

Fotografia dos objectos de barro cozido que mostram estrias
e marcas devido à utilização. DR
A equipa da Universidade Hebraica de Jerusalém tentou perceber se os pequenos paus de barro cozido funcionavam como brocas. Estes paus, que tinham entre três e seis centímetros de comprimento e entre 1,2 e 1,4 centímetros de largura, eram cilíndricos com as pontas arredondadas, em forma de cone ou com uma forma irregular. Muitos estavam partidos, mas alguns permaneceram intactos ao longo de milénios.

A equipa identificou estrias e marcas lineares nas pontas dos paus e relacionou essas marcas com a fricção feita para atear o fogo. Além disso, encontrou partes chamuscadas nos “fósforos” e marcas na parte lateral que poderiam ter sido feitas pelas cordas do arco. “Propomos que estes objectos sejam o registo mais antigo de fósforos – brocas que serviam como componente de um mecanismo avançado para produzir fogo”, sugere o artigo.

Os autores não refutam o aspecto simbólico dos “fósforos”. A nível etnográfico, estas brocas e a placa de madeira “representavam o órgão sexual masculino e feminino”, defende o artigo.

 In Público

Estatuetas descobertas no Alentejo têm 4500 anos e cabem na palma da mão

Têm o corpo esguio, bem delineado, tatuagens faciais e olhos
grandes que poderiam ter incrustações (Fotos cedidas pela era)
São de marfim, cabem na palma da mão e têm pormenores delicados, que surpreendem. António Valera, o arqueólogo que dirige as escavações na Herdade dos Perdigões, em Reguengos de Monsaraz, fala com entusiasmo das estatuetas de marfim que ontem apresentou aos jornalistas como "descoberta única" em Portugal. 

"Difunde-se muito a ideia de que o homem pré-histórico era rude, um brutamontes, graças ao cinema", diz Valera. "Mas o que povoados como o dos Perdigões mostram, com toda a sua simbiose com o mundo natural, é algo que estas esculturas vêm reforçar - nesta Pré-História havia um grande grau de sofisticação que está muito longe do preconceito."

Com 4500 anos, as 20 esculturas em miniatura (com tamanho entre os 12 e os 15 centímetros), "pelo menos nove das quais muito realistas", começaram a ser encontradas no ano passado, quando os arqueólogos escavavam um fosso onde, depois de cremados, foram depositados vários corpos. Para os investigadores da Era, a empresa que há 15 anos trabalha nos Perdigões, a herdade que a Finagra (actual Esporão S.A.) comprou para plantar vinha, mas que acabou por transformar num campo arqueológico com 16 hectares, encontrar representações humanas de marfim, "com grande qualidade estética e de execução", foi "emocionante", embora não tenha sido uma surpresa completa.

Estatuetas semelhantes são relativamente frequentes na Andaluzia, região com a qual o Sul do país forma uma unidade territorial na Pré-História. Como escavaram apenas uma área muito reduzida deste complexo arqueológico em que descobriram já mais de 500 peças e fragmentos de marfim, entre elas algumas representações de animais muito pormenorizadas, Valera e a sua equipa acreditavam que, mais cedo ou mais tarde, poderiam vir a dar com esculturas antropomórficas. "O que surpreendeu foi o rigor realista de algumas das figuras, que terá exigido grande capacidade técnica", explica.

Para Vítor Gonçalves, catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, especialista em Pré-História, a grande singularidade das estatuetas humanas dos Perdigões é simplesmente o facto de terem sobrevivido milhares de anos às agressões do solo alentejano. "Temos poucas figurações antropomórficas de marfim na Pré-História portuguesa, mas ainda menos no Alentejo, porque lá a terra é tão ácida que destrói tudo", explicou ao PÚBLICO pelo telefone, não tendo visto ainda ao vivo as peças da herdade. A descoberta, que considera "impressionante", é para este arqueólogo mais uma das originalidades dos Perdigões, a juntar ao facto de ser um "complexo mágico-religioso alentejano em que os sepulcros não são antas". 

Conhecido desde 1983, o sítio dos Perdigões só começou a ser escavado em 1997, depois de um estudo geotérmico, que fez uma espécie de radiografia à paisagem, ter identificado uma série de fossos concêntricos, mais ou menos circulares, e outras estruturas: possíveis cabanas, silos e sepulturas. 

O que os trabalhos têm revelado nos últimos anos, explica Valera, é que o povoado, que começou por ser construído por comunidades neolíticas (c.5500 anos), teria grande importância na região, tendo sido, possivelmente, lugar de festas cerimoniais e de rituais associados ao culto dos mortos. O cromeleque perto da necrópole, já fora dos limites do povoado, reforça esta teoria.

"Estas povoações, das antigas sociedades camponesas, eram já capazes de construir obras públicas de envergadura, como estes fossos. Identificámos 12 e fizemos sondagens em quatro. Para fazer estes quatro estimamos que terão sido retiradas 60 mil toneladas de rocha, impressionante para as ferramentas rudimentares da época", diz Valera. 

Em seguida, os arqueólogos vão aprofundar os estudos dos materiais nas valas e nas sepulturas com a ajuda de antropólogos da Universidade de Coimbra e fazer sondagens nos fossos para determinar a idade de cada um e a dinâmica de ocupação do povoado. Pelo meio, há que continuar a analisar as "miniesculturas". Para já as perguntas são muitas e as certezas quase nulas. Porque são tão realistas numa altura em que a representação da figura humana é essencialmente estilizada, como prova a maioria das 20 estatuetas? Serão deuses? Porque têm algumas o género tão bem definido e outras são assexuadas? 

Têm o corpo esguio, com as nádegas e o tronco bem delineados, nariz e orelhas definidas, tatuagens faciais, cabelos a cobrirem as costas, olhos grandes que poderiam ter incrustações e as mãos sobre a barriga, segurando o que parece ser um bastão. "Nesta fase só podemos lançar hipóteses, especular", reconhece Valera. "São todas muito parecidas e o facto de serem realistas faz-nos pensar que podem querer comunicar uma ideia muito específica. A própria postura do corpo pode ter um significado, como quando nos ajoelhamos na igreja. Podem representar um estatuto social, um grupo dentro da comunidade ou até mesmo uma família." Mas também podem ser divindades, teoria que parece mais provável a Vítor Gonçalves, que conhece as estatuetas da Andaluzia. "Muitas das representações humanas neste período, como as das placas de xisto portuguesas, estão ligadas à deusa-mãe. Depois, progressivamente, chegamos a outras de um deus jovem."

Os arqueólogos dos Perdigões vão também estudar o marfim de que são feitas. Dos 500 fragmentos encontrados nos Perdigões analisaram apenas 15 e concluíram que se trata de marfim de elefante africano, o que prova que o povoado mantinha contactos com regiões distantes. Mas entre os restantes pode haver elefante asiático, marfim fóssil (de quando havia elefantes na Península) e até osso de outros animais, explica Valera. Na península de Lisboa, acrescenta Gonçalves, já foram encontrados fragmentos de cachalote. 

Muitos dos enigmas das esculturas dos Perdigões vão ficar por decifrar, diz o director das escavações, mas os problemas que elas colocam, associados às práticas funerárias, sobre a concepção do corpo são só por si fascinantes. E se para o homem que viveu no Alentejo pré-histórico o corpo não fosse uma unidade? "É difícil saber o que vai na cabeça das pessoas de há 5000 anos." Mas vale a pena pensar nisso.

Flat-Faced Early Humans Confirmed—Lived Among Other Human Species

A new fossil jaw is among evidence for a new human species.
Photograph courtesy Mike Hettwer, National Geographic

New fossils recast a flat-faced oddity as a star species in the first chapter of the human story—perhaps even as our oldest known truly human ancestor.

At the least, the fossils confirm that at least three different human species inhabited the same Kenyan neighborhood at the dawn of humanity, according to a new study led by paleontologists Meave and Louise Leakey.


Consisting of a face, a complete lower jaw, and part of a second jaw, the new fossils were found east of Kenya's Lake Turkana between 2007 and 2009. The products of a 40-year search, they provide the needed evidence to confirm that a disputed skull found in 1972 does in fact represent a new species, the team says.

Dated to between 1.78 and 1.95 million years ago, the remains were uncovered within six miles (ten kilometers) of the 1972 skull, which was discovered by Meave Leakey's husband, paleoanthropologist Richard Leakey.

Known as KNM-ER 1470—"1470" for short—the skull has "always been an enigma," said Meave, of the Koobi Fora Research Project.

"We've never known exactly what it was and how it fitted in with anything else."


Now, finally, "we know that flat face is real—it isn't just an aberrant specimen," said Meave, a National Geographic Society explorer-in-residence. (National Geographic News is a division of the Society.)

Not an aberrant specimen, the study makes clear, but a different species from the early Homo varieties previously known to have inhabited Turkana: Homo habilis ("handy man"), the presumed tool user conventionally seen as the earliest known Homo species, and Homo erectus, the "upright man" believed to be a direct ancestor of our own species (time line of human evolution).

"With these new fossils," Meave said, "we can definitely say there are two groups of non-erectus" living side-by-side at Lake Turkana.


Flat Face for 1470

"As opposed to other species of Homo, which had rather protruding faces, what would have struck you was how flat and broad the face was," Meave said of 1470.

"The brain case is beginning to get a little bit of a forehead, because it's quite a big brain in there, but nothing like the brain of Homo erectus," which likely arose later, she added.

For now the study team is avoiding the previously proposed name for the flat-faced species, H. rudolfensis, because the relationships between the fossil specimens and the species names remains uncertain.

Further research may show that a key H. habilis fossil should be grouped in the same species as 1470, in which case 1470 would itself be classified as H. habilis, and some smaller, more primitive-looking fossils currently called H. habilis would be given another name

While this creates a bit of an academic headache, it doesn't affect the fact that "the new finds allow us to reclassify the whole collection of non-erectus fossils into two groups which have clear defining statistics," the Leakeys' team writes in a statement.

Physical anthropologist William Kimbel agrees.

The latest fossils "go a long way to easing concerns about whether 1470 could be a one-off—just an odd variant of Homo habilis, for example," said Kimbel, director of the Institute of Human Origins at Arizona State University, who wasn't part of the study team.


Our Oldest Homo Ancestor?

If we now have two Homo species at the base of the human tree, which of them gave rise to Homo erectus, our direct ancestor?

Kimbel thinks the anatomy of H. habilis—which had a smaller, more protruding face than 1470—makes it a more likely ancestor for H. erectus. "But," he added, "I've heard arguments to the contrary."

Bernard Wood, professor of human origins at the George Washington University, noted that 1470 probably had a larger brain than H. habilis, "but that doesn't necessarily make [1470] an ancestor for Homo erectus."

"Some of the smaller Homo erectus crania have remarkably small brains," suggesting that H. erectus' big brain may have developed within the species, as opposed to being inherited from an ancestral species.

Because the new species is known from only skull fragments, Wood likens the puzzle to "trying to work out the relationship between three motor cars when all you've got are bits of the gear box."


Three's Company?

Another question is how the three early humans co-existed without stepping on each other's toes.

"Given the fact that they were all terrestrial bipeds of one sort or another," differences in how the three species made a living—and where they chose to live—would have come down to diet, as opposed to, say, climbing ability, Arizona State's Kimbel said.

One possible clue emerging from the study is that 1470 and its kind were powerful chewers.

"The cheek bones are so far forward it means they would have been able to use quite a strong biting force," Meave Leakey said.

With a chewing advantage, 1470 may have gravitated toward areas rich with nuts or tough fruits, or perhaps even meat, leaving the softer stuff to erectus andhabilis. (Related: "Lucy the Butcher? Tool Use Pushed Back 800,000 Years.")

It could also be that these early human species just plain got along.

"Modern primates are generally very good at living together," Leakey said. "You can see troops of monkeys composed of at least two species, if not more."

One thing's for sure: Untangling our roots at Turkana isn't going to be easy, George Washington University's Wood said.

"Darwin said it was going to be very difficult to locate the origin of Homo," Wood said. "I think, as usual with Darwin, he was right on the money."

Corrected: Original version incorrectly said the new species as a whole was tentativey being called 1477
after the fossil specimen identified by that number.

James Owen, for National Geographic News
Updated 7:25 p.m. ET, August 8, 2012

Neanderthals Self-Medicated?

Neanderthals may have been gatherers and hunters (file picture of a model of a Neanderthal woman).
Photograph by Joe McNally, National Geographic
A cave in northern Spain that previously yielded evidence of Neanderthals as brain-eating cannibals now suggests the prehistoric humans ate their greens and used herbal remedies.

A new study of skeletal remains from El Sidrón cave site in Asturias (map)detected chemical and food traces on the teeth of five Neanderthals. (Take aNeanderthal quiz in National Geographic magazine.)

Tartar samples from the 50,000-year-old teeth revealed microscopic plant starch granules, which had cracks indicating the plants had been roasted first. Further chemical analysis revealed compounds associated with wood smoke.

Starch and carbohydrates in the tartar show the Neanderthals ate a variety of plants, but there were surprisingly few traces of meat-associated proteins or lipids.

Not only did our extinct cousins prefer grilling vegetables to steaks, they were also dosing themselves with medicinal plants, according to a team led by Karen Hardy, an archaeologist at the Catalan Institution for Research and Advanced Studies in Barcelona.

The cave dwellers' diet was found to include yarrow and chamomile, both bitter-tasting plants with little nutritional value. Earlier research by the same team had shown that the Neanderthals in El Sidrón had a gene for tasting bitter substances.

"We know that Neanderthals would find these plants bitter, so it is likely these plants must have been selected for reasons other than taste"—probably medication, Hardy said in a statement.

"It fits in well with the behavioral pattern of self-medication by today's higher primates, and indeed many other animals."


It's impossible to know what cures Neanderthals sought from the plants, but people use them today to treat a variety of ailments, she noted.

"Chamomile is very well known as a herbal treatment for nerves and stress, and for digestive disorders," while yarrow is used to treat colds and fevers and works as an antiseptic, she said.

Veggie-Loving Neanderthals

The research adds to recent findings that question the Neanderthals' reputation as inflexible carnivores—previously cited as a reason why modern humans, able to draw on a wider variety of food sources, gained a competitive edge over their heavy-browed cousins.

"Our results do add to the growing picture of plant consumption by Neanderthals," said Hardy, who worked with archaeological chemist Stephen Buckley of the University of York.


And she sees no reason to view this Spanish population as a veggie-loving anomaly.

"I do not see why they should be unusual," Hardy said.

"It will be very interesting, though, to conduct this type of study on Neanderthal populations living in different environments."

The Neanderthal study was published July 18 in the journal Naturwissenschaften.
By James Owen, for National Geographic News
Published July 20, 2012

Família Leakey confirma que houve três espécies entre os primeiros humanos

O crânio de dois milhões de anos descoberto em 1972,
numa montagem com uma mandíbula encontrada em 2009
(Fred Spoor)
Há dois milhões de anos, o nosso antepassado directo, o Homo erectus, não estava sozinho no mundo. Acompanhavam-no pelo menos mais duas espécies de humanos — uma tinha a cara comprida e achatada — e é isso que confirmou a descoberta de fósseis no Quénia, entre 2007 e 2009, anuncia uma equipa de cientistas, composta por Meave e Louise Leakey, na edição desta quinta-feira na revista Nature. 

Mas a história desta descoberta remete-nos para 1972, quando um crânio veio lançar a confusão. Tinha sido encontrado em Koobi Fora, perto do lago Turkana, no Norte do Quénia. É um local inóspito, mas considerado um dos berços da humanidade, onde o famoso clã Leakey, que faz importantes descobertas paleoantropológicas desde 1930, trabalha há largos anos. Logo em 1973, na Nature, Richard Leakey, então dos Museus Nacionais do Quénia, atribuiu o crânio provisoriamente ao género Homo. Mais tarde, foi datado como tendo cerca de dois milhões de anos.

Este crânio, identificado como KNM-ER 1470, ou só 1470, destacou-se dos demais fósseis por algumas características, conta a antropóloga portuguesa Eugénia Cunha, da Universidade de Coimbra: “Quer pela [maior] capacidade craniana, 750 centímetros cúbicos, quer pela face, menor e mais ortognata [não projectada na parte anterior e, por isso, achatada] do que qualquer seu ancestral”, diz no livro Como nos Tornámos Humanos, de 2010.

De início, o crânio foi classificado como Homo habilis, um humano habilidoso, já capaz de fabricar ferramentas rudimentares. Mas descobertas posteriores de outros humanos contemporâneos do 1470, mas com menor capacidade craniana, levaram alguns cientistas a considerar a existência de espécies distintas entre os primeiros humanos e o crânio foi reclassificado. Passou a ser considerado não um representante do Homo habilis, onde se incluíram outros fósseis, mas do Homo rudolfensis.

Afinal, a par do Homo erectus — o nosso antepassado directo, do qual evoluiu a nossa espécie —, havia quantas espécies do género Homo? Há dois milhões de anos, existiam quantos representantes distintos do género Homo, ou seja, quantas espécies humanas?

A discussão é importante para perceber de qual linhagem surgiu a nossa espécie. E o enigmático 1470 confundia a árvore da evolução humana, porque os seus restos não incluíam nem dentes, nem a mandíbula. Por outro lado, não se encontrou nenhum outro crânio daquela altura com a mesma cara comprida e achatada do fóssil 1470.

Alguns cientistas atribuíam a morfologia invulgar do 1470 a diferenças entre os sexos e à variação natural dentro de uma espécie, enquanto outros interpretavam-na como prova de espécies distintas”, refere um comunicado da National Geographic, que tem Meave e Louise Leakey como exploradoras residentes.

Espécie sem nome definitivo
O mistério de 40 anos teve desenvolvimentos com a descoberta, entre 2007 e 2009, de três fósseis em Koobi Fora, pela equipa de Meave e Louise Leakey, do Instituto da Bacia do Turkana. Estavam só a dez quilómetros do local onde o 1470 tinha sido encontrado.

Os fósseis — uma face, uma mandíbula completa e uma fragmentada —, com 1,78 e 1,95 milhões de anos, têm as tais características tão desejadas, uma cara achatada e comprida. A equipa, que inclui, entre outros, Fred Spoor, do University College de Londres, diz que os fósseis são da mesma espécie do 1470. “Em conjunto, os três fósseis dão um retrato muito mais claro do 1470”, diz Spoor.

Contemporâneo do Homo erectus e do Homo habilis, houve assim este outro humano, a que alguns cientistas chamam Homo rudolfensis. Outros, como Spoor, preferem não lhe dar já um nome, por considerarem que tal é “prematuro”, disse numa conferência organizada pela Nature.

Estes fósseis respondem a uma pergunta-chave sobre o nosso passado evolutivo: quão diverso era o nosso género na base da linhagem humana?”, frisou Meave Leakey na conferência. “Nos últimos 40 anos, procurámos aficandamente nos sedimentos à volta do lago Turkana fósseis que confirmassem as características únicas da cara do 1470 e nos mostrassem como eram os seus dentes e mandíbulas. Finalmente, temos algumas respostas”, contou.

É agora claro que duas espécies iniciais de humanos viveram ao lado do Homo erectus. Os novos fósseis vão ajudar bastante a desvendar como surgiu o nosso ramo da evolução humana e floresceu há quase dois milhões de anos”, concluiu Spoor. “A evolução humana não é uma linha recta de um antepassado até nós. Éramos muito mais diversos.

Geoarchaeology



Quaternary Science Reviews


Volume 49, Pages 1-112
23 August 2012

Journal of Human Evolution


Volume 63, Issue 2, Pages 247-438
August 2012

Five Decades after and : Landscape Paleoanthropology of Plio-Pleistocene Olduvai Gorge, Tanzania
Edited by Robert J. Blumenschine, Fidelis T. Masao, Ian G. Stanistreet and Carl C. Swisher


Volume 63, Issue 3, Pages 439-576
September 2012

Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology


A DGPC é um monstro administrativo