sábado, 30 de janeiro de 2010

Jornadas Internacionales sobre Paleolítico superior peninsular. Novidades do século XXI

Foi nos passados dias 27, 28 e 29 de Janeiro que uma pequena delegação do NAP esteve presente nas Jornadas Internacionales sobre Paleolítico superior peninsular. Novidades do século XXI em Barcelona, com a seguinte comunicação:

O Paleolítico Superior do Sudoeste da Península Ibérica: o caso do Algarve


Autores:
Nuno Bicho1, Tiina Manne2, João Marreiros1, João Cascalheira1, Carolina Mendonça1,
Marina Évora1, Juan Gibaja1, Telmo Pereira1

1FCHS – Universidade do Algarve,
Campus de Gambelas
8005-139 Faro
e
UNIARQ
Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa
nbicho@ualg.pt, jmmarreiros@ualg.pt, jcascalheira@ualg.pt, mendoncarolina@gmail.com, marinaevora@sapo.pt, jfgibaja@ualg.pt, telmojrpereira@gmail.com,

2 Department of Anthropology
University of Arizona
Tucson AZ 85719
tmanne@email.arizona.edu

Resumo:
O presente capítulo foca os resultados da investigação sobre Paleolítico Superior do Algarve durante os últimos 15 anos, momento em que pela primeira vez essa região foi foco de atenção especializada por especialistas do tema. Sendo um conjunto pequeno de sítios, a maior parte dos dados provém de Vale Boi, sítio localizado perto de Sagres, no concelho de Vila do Bispo. Apesar da exiguidade de locais datados do Paleolítico Superior, a qualidade e quantidade de dados disponíveis é bastante grande, permitindo uma reconstrução preliminar dos padrões tecnológicos, de subsistência e, em menor grau, de povoamento do Gravetense (com início há cerca de 27,500 anos), Protosolutrense, Solutrense e Madalenense do Algarve.

Palavras-Chave:
Paleolítico Superior, Portugal, Algarve, Vale Boi

Da esquerda para a direita:
Nuno Bicho, João Zilhão, J.M.Fullola

Da esquerda para a direita:
R. Fábregas,Th. Aubry, M. de la Rasilla, N. Bicho, J. Zilhão

Da esquerda para a direita:
João Marreiros, Nuno Bicho, João Cascalheira,
Telmo Pereira, Carolina Mendonça, Marina Évora

Homem de Neandertal desapareceu há 37 mil anos

Nem há 28 mil, nem há 34 mil anos. Os neandertais desapareceram da face da terra há 37 mil


A nova datação foi feita por uma equipa de investigadores liderada pelo arqueólogo e investigador português João Zilhão, da Universidade britânica de Bristol, com base em achados do lugar de Pego do Diabo, em Loures, perto de Lisboa.
A novidade, que é publicada hoje na revista científica PloS ONE, clarifica de uma vez por todas uma questão que estava em aberto - a da altura em que os neandertais deixaram de existir - e traz uma nova luz à compreensão das características morfológicas mistas (de neandertal e homem moderno) apresentadas pelo menino do Lapedo, descoberto há uma década no Lagar Velho, perto de Leiria.
Já se sabia que foi aqui, na Península Ibérica, a sul da fronteira natural traçada pelo vale do Ebro, que persistiram os últimos neandertais. A tese foi aliás proposta pelo próprio arqueólogo português há cerca de 20 anos e desde então aceite pela comunidade científica. Até agora, no entanto, não se sabia exactamente até quando duraram aqueles últimos resistentes nestas paragens.
A datação por radiocarbono de restos de fauna e de dentes que foram encontrados no Pego do Diabo, realizada por investigadores da Universidade de Viena, em colaboração com a equipa de João Zilhão, permitiram concluir que a data-limite para a persistência dos neandertais não pode ter sido mais recente do que 37 mil anos.
"Desde que se tornou claro, há cerca de 20 anos, a persistência tardia [dos neandertais a sul dos Pirenéus], a opinião da generalidade dos investigadores era que essa persistência não teria ultrapassado um intervalo de tempo impreciso, entre 34 mil e 38 mil antes do presente", adiantou ao DN o arqueólogo português. "Os novos resultados vêm, por um lado, trazer maior precisão a estas estimativas, colocando o limite em cerca de 37 mil, e, por outro, demonstrar de forma concludente o carácter infundado das especulações à volta de uma possível sobrevivência dos neandertais em Gibraltar até há cerca de 24 mil ou 28 mil anos", adiantou ainda João Zilhão. Esta descoberta vem contribuir também para compreender melhor a criança do Lapedo, da qual o arqueólogo português foi também um dos descobridores, em 1998.
O estudo do esqueleto e dentes da criança, que tinha cinco anos na altura da sua morte, ocorrida há 30 mil anos, revelou que o menino tinha características do homem moderno, mas também de neandertal, o que abalou o mundo da arqueologia e tem, desde então, sido motivo de debate por parte da comunidade científica.
Nunca antes do achado do menino do Lapedo tinha sido encontrada uma prova material de miscenização entre homens modernos e neandertais. Para João Zilhão, ao confirmar-se agora que deixaram de existir neandertais há 37 mil anos, "confirma-se também que o mosaico de características neandertais e modernas que caracteriza a criança do Lapedo, que data de há 30 mil anos, não pode ser interpretado como resultado de um evento de hibridação anedótico entre progenitores de espécies distintas (um neandertal, o outro moderno)". Como sublinhou ao DN, essa mistura de características "reflecte, assim, necessariamente um processo de miscigenação extensiva dos dois tipos de populações à época do contacto".
A permanência tardia dos neandertais nesta região deverá ter estado relacionada com factores climáticos.

FILOMENA NAVES
publicado a 2010-01-27 às 08:36, in Diário de Notícias

Encontrados sinais de amputação cirúrgica com 6900 anos

Os primeiros agricultores europeus eram capazes de actos cirúrgicos sofisticados
2010-01-27, in Ciência Hoje

Esqueleto com braço amputado

Arqueólogos franceses encontraram vestígios de uma amputação cirúrgica com 6900 anos. O esqueleto de um homem com um braço amputado por um bisturi de sílex foi encontrado em Buthiers-Boulancourt, a 40 quilómet
ros a sul de Paris.
Para a equipa de investigadores que publicou agora o seu estudo sobre o achado, na revista «Antiquity», esta descoberta abre várias pistas para se perceber melhor a época neolítica, quando a sociedade de caçadores-recolectores foi substituída pela sociedade sedentária e agrícola.

O esqueleto é o de um homem de grande estatura (com dois metros de altura) que viveu entre 4700 e 4900 a.C. e que sofria de artrose nas vértebras cervicais.
Cécile Buquet-Marcon explica que a limpeza do corte descarta a possibilidade de que o osso tenha sido cortado devido a algum tipo de acidente. A precisão do corte revela que terá sido alguém especializado nessa tarefa a realizar o acto cirúrgico.
O paciente terá sido anestesiado em condições assépticas. O corte estava limpo e a ferida foi devidamente tratada.

Detalhe do osso com sinais de amputação

Os sinais se cicatrização indicam que o homem viveu vários anos após a amputação. Este pormenor é importante pois mostra, acreditam os investigadores, que aquele tipo de sociedade tinha hábitos solidários e onde a integração de pessoas diminuídas fisicamente seria uma realidade.

Outras evidências de cirurgias
Não é a primeira vez que surgem evidência de operações cirúrgicas no neolítico. Recentemente, foram reportados sinais de duas amputações na Alemanha e na República Checa.
Já em épocas anteriores eram praticadas trepanações, aberturas cirúrgicas no crânio, mas as amputações só estão registadas nesta época.
Segundo o relatório da INRAP (Institut National de Recherches Archéologiques Préventives), os primeiros agricultores europeus eram, de facto, capazes de actos cirúrgicos sofisticados.

sábado, 23 de janeiro de 2010

"Re-ARC, Defining Reconstructive Archaeology for the 21st Century"

"Re-ARC, Defining Reconstructive Archaeology for the 21st Century"
16 October 2010
The Schiele Museum of Natural History, Gastonia NC, USA

For:
-Academicians
-Archaeologists
-Primitive Technologists

Topics:
# Studies in Reconstructive and Experimental Archaeology
# Methods to Professionalize and Legitimize your Experiments
# Writing a Paper
# Structuring Effective Experiments
# Working with Primitive Technologists, Archaeologists and Academics
# What Makes "Good Science"?
# The Future in Reconstructive Archaeology
# Reconstructive Archaeology as a New Degree Program!
# Reconstructive/Experimental Archaeology in the Classroom
# Primitive Technology Resources for the Classroom
# How to Utilize Primitive Technology Effectively on the Dig Site, in
Analysis, Public Education, and Promotion
# The Value of Experiential Knowledge in Site Analysis
# Accessing the Expertise - How to Find a "Primitive Technologist" When You
Need One..

Deadline for submissions: June 30, 2010
Send paper titles, abstracts and full contact information to:
Attention: Mark Butler, 1110 McCrae Dr., Moncks Corner, SC 29461
Entries can also be emailed to: knaptimeprod@homesc.com

Experimental Archaeology Conference, Tagung

Experimental Archaeology Conference, Tagung
8-10 October 2010
Berlin

The yearly Experimental Archaeology Conference of EXAR (European Association for the advancement of archaeology by experiment / Europäische Vereinigung zur Förderung der Experimentellen Archäologie). Details via mail@pfahlbauten.de and probably soon via www.exar.org as well.

This is a conference with a long tradition, their proceedings are published annually.

2010 Annual Conference of the Historical Metallurgy Society will be on Accidental and Experimental Archaeometallurgy

K Conference 2-3 September 2010:
The 2010 Annual Conference of the Historical Metallurgy Society will be on Accidental and Experimental Archaeometallurgy.

It is intended that the conference will incorporate archaeometallurgical experiments as well as lectures on experimental archaeometallurgy. If you are interested in conducting an archaeometallurgical experiment and/or delivering a lecture please contact the conference organisers (see below).

The conference will be held over two days (2nd and 3rd September) at West Dean College, which is near Chichester in West Sussex. The lectures will be held in the College and the experiments will take place on adjacent college land. Overnight accommodation will be available at the college.

David Dungworth, English Heritage, Fort Cumberland, Portsmouth, PO4 9LD.
Tel 023 9285 6783. Email: david.dungworth@english-heritage.org.uk

Roger Doonan, Department of Archaeology and Prehistory, University of Sheffield, Northgate House, West Street, Sheffield, S1 4ET.
Tel 0114 222 2939. Email: r.doonan@sheffield.ac.uk

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

4º Colóquio de Arqueologia do Alqueva

A Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA, S.A.) irá promover nos próximos dias 24, 25 e 26 de Fevereiro de 2010 o “4º Colóquio de Arqueologia do Alqueva – O Plano de Rega (2002-2010)”, cujo programa se anexa.



Pretende-se com este evento promover a divulgação dos trabalhos arqueológicos que a empresa tem vindo a desenvolver no âmbito da execução dos diversos projectos associados ao Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA).

Para obter mais informação sobre o colóquio poderá consultar a página da internet da EDIA, em www.edia.pt, onde encontrará mais documentação sobre o evento.

A inscrição no colóquio, para os interessados, será efectuada através da referida página web, sendo grátis.

Programa 4º Colóquio de Arqueologia do Alqueva VF height="500" width="100%" > value="http://d1.scribdassets.com/ScribdViewer.swf?document_id=25477025&access_key=key-20m81xl2jhxb3cxj9yt4&page=1&version=1&viewMode=list">            

Feet hold the key to human hand evolution

Scientists may have solved the mystery of how human hands became nimble enough to make and manipulate stone tools.


Scientists simulated the change from an ape-like hand to a human-like hand

The team reports in the journal Evolution that changes in our hands and fingers were a side-effect of changes in the shape of our feet.
This, they say, shows that the capacity to stand and walk on two feet is intrinsically linked to the emergence of stone tool technology.
The scientists used a mathematical model to simulate the changes.
Other researchers, though, have questioned this approach.
Campbell Rolian, a scientist from the University of Calgary in Canada who led the study, said: "This goes back to Darwin's The Descent of Man."
"The results are quite exciting"
Paul O'Higgins, Hull York Medical School
"[Charles Darwin] was among the first to consider the relationship between stone tool technology and bipedalism."
"His idea was that they were separate events and they happened sequentially - that bipedalism freed the hand to evolve for other purposes".
"What we showed was that the changes in the hand and foot are similar developments... and changes in one would have side-effects manifesting in the other."

Shape-shifting
To study this, Dr Rolian and his colleagues took measurements from the hands and feet of humans and of chimpanzees.
Their aim was to find out how the hands and feet of our more chimp-like ancestors would have evolved.
The researchers' measurements showed a strong correlation between similar parts of the hand and foot. "So, if you have a long big toe, you tend have a long thumb," Dr Rolian explained.
"One reason fingers and toes may be so strongly correlated is that they share a similar genetic and developmental 'blueprint', and small changes to this blueprint can affect the hand and foot in parallel," he said.
With this anatomical data, the researchers were able to create their mathematical simulation of evolutionary change.

Human ancestors and early humans crafted stone tools
"We used the mathematical model to simulate the evolutionary pressures on the hands and feet," Dr Rolian explained.
This model essentially adjusted the shape of the hands or the feet, recreating single, small evolutionary changes to see what effect they had.


Human ancestors and early humans crafted stone tools

By simulating this evolutionary shape-shifting, the team found that changes in the feet caused parallel changes in the hands, especially in the relative proportions of the fingers and toes.
These parallel changes or side-effects, said Dr Rolian, may have been an important evolutionary stem that allowed human ancestors, including Neanderthals, to develop the dexterity for stone tool technology.
Robin Crompton, professor of anatomy at the UK's Liverpool University, said the study was very interesting but also raised some questions.
"I am not personally convinced that the foot and hand of chimpanzees are a good model [of human ancestors' hands and feet] - the foot of the lowland gorilla may be more interesting in this respect," he told BBC News.
He pointed out that there was a lot more to the functional shape and biomechanics of the human foot than just its proportions.
Paul O'Higgins, professor of anatomy at the Hull York Medical School, UK, said: "The results are quite exciting and will doubtless spur further testing and additional work."

By Victoria Gill
Science reporter, BBC News

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

NESPOS - Pleistocene Databases - Acquisition, Storing, Sharing

Pleistocene Databases - Acquisition, Storing, Sharing

The NESPOS Society e.V. in cooperation with the CRC 806 ‚Our way to Europe' will organize a workshop on Pleistocene Databases - Acquisition, Storing, Sharing from Thursday 10th - Friday 11th June 2010 at the Neanderthal Museum.
Invited speakers from Palaeolithic Archaeology and Palaeoanthropology with expertise in database management and 3D data acquisition will give lectures.
A call for posters will be announced soon.
Invited companies, dealing with digital data acquisition, will present hands-on demonstrations.
On Friday 11th June 2010 the NESPOS Society e.V. general members' meeting will take place.
Detailed information will come up soon.

Ficha de inscrição no NAP


Encontram-se abertas as inscrições para todos os interessados na participação e colaboração em projectos do NAP. Os candidatos a membros do Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia da Universidade - NAP já podem efectuar a sua inscrição on-line. Ao submeter os seus dados está, ao mesmo tempo que se inscreve no NAP, a subscrever a Mail-list do NAP (nap-ualg@googlegroups.com).

domingo, 17 de janeiro de 2010

Blogue feito pelos alunos de GPA da Universidade do Algarve

Sobre…

Este blogue é feito pelos alunos de Gestão do Património Arqueológico, dos cursos de licenciatura em Arqueologia e Património Cultural da Universidade do Algarve. (Leccionação de Maria João Valente.)
Periodicamente serão lançados temas ligados à Gestão do Património Arqueológico (GPA) que deverão ser desenvolvidos pelos alunos e apresentados mediante um texto a colocar no blogue (i.e., um post). Esses posts serão feitos de forma individual e contam para a avaliação final. Do mesmo modo, os alunos deverão também comentar os textos feitos pelos demais colegas (um convite à crítica; construtiva, claro), que também contam para avaliação.
Destes textos colocados no blogue GPA espera-se, não um mero debitar de informação, mas uma opinião construída (pensada!) sobre o assunto. Quer-se imaginação, boa construção de textos, discussão de ideias. Discussões essas que serão feitas, também, na sala de aula.
Cada aluno receberá um convite para se inscrever no blogue como autor. (Se não o recebeu ainda, contacte a docente, mandando-lhe um email.) Nessa qualidade pode editar, publicar e apagar os seus textos. Como em qualquer blogue, nesses textos podem constar ligações a outros websites, imagens ou vídeos.
Para os alunos que são novos na blogosfera: bem vindos! :)

Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira comemorou década de existência com recorde de visitas

Em 2009, o Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira completou uma década de existência, com um crescimento sustentado de visitantes não ordem dos 40 por cento.
De acordo com os dados obtidos, nos últimos dois anos a afluência de público registou um crescimento de cerca de 40 por cento, sendo que em 2008 o espaço foi visitado por 5457 pessoas, enquanto que em 2009 o número disparou para as 8894 visitas, entre turistas e residentes.
Os mesmo números indicam ainda que a maioria dos visitantes continua a ser de origem estrangeira, com 5502 estrangeiros face a 3274 portugueses, tendo sido o mês de Maio o que registou a afluência mais elevada deste tipo de público.
Os valores mais significativos revelam que a faixa etária com maior frequência de visitas é a dos 26 aos 65 anos, representando um total de 4725 pessoas. O sexo feminino lidera o número de visitas ao Museu, com 4453 visitantes em detrimento das 4001 entradas do sexo masculino.
Ao longo de 2009, a tendência ditou um aumento gradual do número de visitantes, que atingiu o seu pico nos meses de Maio, com 1027 visitas, e Agosto, com 1131 visitantes.
O Museu de Arqueologia possui um espólio incalculável, albergando peças desde a Pré-história à Idade Moderna. Além deste legado, o espaço desenvolve ao longo do ano diversas actividades destinadas aos variados públicos, "visando uma maior aproximação entre os visitantes e o património histórico-arqueológico do concelho".

BN / RS
18:06 sexta-feira, 15 janeiro 2010, em Jornal Região Sul - Algarve

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Lançamento de conjunto de postais e CD-ROM

Ainda no âmbito das comemorações do 11º Aniversário da inscrição do Sítio de Arte Rupestre Pré-histórica do Vale do Côa na lista de Património Mundial da Unesco, o Parque Arqueológico do Vale do Côa convida para o lançamento de um conjunto de postais e de um CD-ROM pedagógico na próxima sexta-feira, na sede do PAVC, às 17h.




Estudos funcionais recentes em matérias-primas alternativas ao sílex: avanços metodológicos e inferências arqueológicas”

Estão disponíveis online e em CD-Rom as actas do encontro internacional “Estudos funcionais recentes em matérias-primas alternativas ao sílex: avanços metodológicos e inferências arqueológicas” realizado em Maio de 2008 (23-25 de Maio) no Padrão dos Descobrimentos, financiado pelo Fundo de Apoio à Comunidade Cientifica da FCT e em parceria com o IGESPAR, I.P..




Organizadores
• Marina de Araújo Igreja
LAMPEA – UMR 6636 du CNRS (França), pos-doutoramento pela Fundação para a Ciência e Tecnologia no Centro de Arqueologia da F.L.L. (Uniarq)
• Ignacio Clemente-Conte
Laboratório de Tecnología Prehistórica, Departamento de Arqueología y Antropología, IMF-CSIC, Barcelona (Espanha).

São vários os métodos de registo e de análise do vestígio arqueológico desenvolvidos nos últimos 50 anos, os quais permitiram alargar o leque de inferências sobre as sociedades humanas da Pré-historia. A Traceologia em particular, consiste em determinar a função dos artefactos arqueológicos através da análise dos vestígios de utilização conservados nas suas superfícies. Tendo como método a arqueologia experimental e a observação ao microscópio, este tipo de estudo é complementar às restantes técnicas arqueológicas. Apesar de fundamental para a reconstituição dos modos de comportamento das sociedades do passado, nas suas componentes técnicas, económicas e sociais, a traceologia é uma área ainda pouco utilizada em Portugal.
Em muitos contextos arqueológicos os artefactos fabricados em pedra, constituem a principal fonte de informação sobre os sistemas técnicos, quando não a única, permitindo reconstituir uma parcela importante do comportamento das sociedades pré-históricas. Eles revelam uma multiplicidade de opções técnicas, desde a matéria-prima seleccionada às modalidades de exploração e de utilização adoptadas.
Os artefactos em sílex foram durante muito tempo os objectos preferencialmente estudados concentrando o interesse dos investigadores nas diferentes áreas disciplinares. Os utensílios fabricados em outros tipos de rochas como o quartzito, o quartzo, ou o basalto, por exemplo, foram negligenciados devido às características físicas destas rochas que dificultam o trabalho de leitura e de interpretação.
Assiste-se nos últimos anos a um interesse crescente pelo estudo de indústrias líticas fabricadas nestas matérias-primas, com a multiplicação dos trabalhos de investigação que contemplam não só a componente metodológica - desenvolvimento de técnicas de análise específicas para a observação destas rochas com o recurso a equipamentos microscópicos sofisticados variados – como também a de estudos de materiais arqueológicos – os resultados obtidos para os artefactos fabricados nestas rochas documentam esquemas operatórios originais e estratégias de gestão distintas das do sílex..
Resultados de um projecto de Pós-doutoramento financiado pela FCT sobre a traceologia dos artefactos de pedra lascada de contextos do Paleolítico Superior, motivaram a organização do encontro internacional “Estudos funcionais recentes em matérias-primas alternativas ao silex: avanços metodológicos e inferências arqueológicas” que teve lugar nos dias 23-25 Maio de 2008 no Padrão dos Descobrimentos, financiado pelo Fundo de Apoio à Comunidade Cientifica da FCT e em parceria com o IGESPAR. Este encontro pretendia fazer um balanço dos novos métodos disponíveis e dos resultados arqueológicos obtidos no âmbito de trabalhos recentes.
Tratou-se da 1ª reunião realizada em Portugal sobre este tema, com especialistas portugueses e estrangeiros convidados nas áreas da Tecnologia e da Traceologia. A publicação das actas, agora disponível gratuitamente em suporte digital (Internet e CD-Rom), é fundamental para os projectos de investigação que se encontram em curso em Portugal, permitindo completar os quadros de interpretação do papel desempenhado por estas matérias-primas nos contextos arqueológicos portugueses cujo conhecimento é ainda lacunar.

Citação bibliográfica das actas
CD-Rom
RECENT FUNCTIONAL STUDIES ON NON FLINT STONE TOOLS: METHODOLOGICAL IMPROVEMENTS AND ARCHAEOLOGICAL INFERENCES, 23-25 May 2008, LISBOA - Proceedings of the workshop [CD-ROM]. Lisbon (Padrão dos Descobrimentos): Marina de Araújo Igreja, Ignacio Clemente Conte, 2009. ISBN 978-989-20-1803-4.
Website
RECENT FUNCTIONAL STUDIES ON NON FLINT STONE TOOLS: METHODOLOGICAL IMPROVEMENTS AND ARCHAEOLOGICAL INFERENCES, 23-25 May 2008, LISBOA - Proceedings of the workshop [Em linha]. Lisbon (Padrão dos Descobrimentos): Marina de Araújo Igreja, Ignacio Clemente Conte, 2009, actual. 2009. Disponível em: http://www.workshop-traceologia-lisboa2008.com/. ISBN 978-989-20-1804-1.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Dentes do menino do Lapedo são "pouco modernos"

A análise aos dentes do menino do Lapedo aproximam este exemplar de hominídeo do Paleolítico Superior encontrado em Dezembro de 1998, em Leiria, mais dos Neandertais do que dos homens modernos.

É esta a conclusão de um artigo publicado esta semana na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS), e assinado por uma equipa internacional de que fazem parte os investigadores portugueses João Zilhão e Cidália Duarte, a par com o especialista norte-americano Erik Trinkaus, da Universidade de Washington.
Tanto Zilhão como Trinkaus protagonizaram desde o achado do Lapedo uma acesa discussão na comunidade científica internacional ao defenderem que a criança provava que Neandertais e os primeiros homens modernos não só coexistiram como procriaram. E que aquele achado era a prova disso.
Do outro lado da barricada estão outros nomes sonantes da arqueologia, como os espanhóis Juan Luis Arsuaga, co-director de investigação da importante jazida fóssil da serra de Atapuerca, em Espanha, e Carles Lalueza-Fox, da Universidade de Barcelona, que afirmam que, mesmo sendo mestiça, a criança do Lapedo não prova nada em relação à evolução do homem moderno. E continuam a acreditar que os Cro-Magnons, os primeiros homens modernos, substituíram por completo os Neandertais, sem miscigenação. A revista PNAS foi, aliás, palco da publicação de vários artigos sobre este lado da discussão.
Mas Zilhão e Trinkaus voltam agora ao ataque: "Esta nova análise dos dentes da criança do Abrigo do Lagar Velho [sítio onde foi encontrado] traz um conjunto de informação nova e mostra que estes primeiros homens modernos não eram tão modernos como isso", diz João Zilhão. A equipa descreve que os dentes da frente da criança eram muito subdesenvolvidos para serem considerados de um homem moderno. E que tinham uma formação diferente da dos homens modernos, com mais dentina, o tecido logo abaixo do esmalte do dente, e com mais polpa, a parte nervosa responsável pela nutrição do dente. Tinham também muito menos esmalte.



"O estudo confirma que a anatomia da criança do Lagar Velho, nomeadamente a dentição, não coincide com os primeiros ou com os mais recentes homens modernos e só se encontra entre os Neandertais", insistem os investigadores.
A criança do Lapedo, que teria quatro a cinco anos à altura da morte, datada de há 30 mil anos, é um tesouro para a arqueologia na medida em que tem 90 por cento do esqueleto intacto. A análise aos dentes foi feita com recurso a microtomografia e reconstrução tridimensional, diz a equipa no artigo.

Adornos milenares

No mesmo número da PNAS, João Zilhão assina um segundo artigo sobre um tema que tem fascinado a arqueologia: quando é que a humanidade começou a usar adornos, jóias e maquilhagem?
Em 2006, uma equipa britânica descobriu na Argélia vestígios de conchas para fazer colares com 100 mil anos.
Mas Zilhão afirma neste novo artigo que estas manifestações de pensamento simbólico eram partilhadas com os Neandertais chegados à Europa, depois de ter descoberto vestígios de adornos e de pigmentação para uso ornamental numa jazida espanhola datada de há 50 mil anos.


09.01.2010 - 08:06
Por Ana Machado

Neanderthal 'make-up' discovered

Scientists claim to have the first persuasive evidence that Neanderthals wore "body paint" 50,000 years ago.

The team report in Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) that shells containing pigment residues were Neanderthal make-up containers.
Scientists unearthed the shells at two archaeological sites in the Murcia province of southern Spain.


Did Neanderthals wear make-up?
The team says its find buries "the view of Neanderthals as half-wits" and shows they were capable of symbolic thinking.
Professor Joao Zilhao, the archaeologist from Bristol University in the UK, who led the study, said that he and his team had examined shells that were used as containers to mix and store pigments.
Black sticks of the pigment manganese, which may have been used as body paint by Neanderthals, have previously been discovered in Africa.
"[But] this is the first secure evidence for their use of cosmetics," he told BBC News. "The use of these complex recipes is new. It's more than body painting."
The scientists found lumps of a yellow pigment, that they say was possibly used as a foundation.
They also found red powder mixed up with flecks of a reflective brilliant black mineral.
Some of the sculpted, brightly coloured shells may also have been worn by Neanderthals as jewellery.
Until now it had been thought by many researchers that only modern humans wore make-up for decoration and ritual purposes.


The shells were coated with residues of mixed pigments
There was a time in the Upper Palaeolithic period when Neanderthals and humans may have co-existed. But Professor Zilhao explained that the findings were dated at 10,000 years before this "contact".
"To me, it's the smoking gun that kills the argument once and for all," he told BBC News.
"The association of these findings with Neanderthals is rock-solid and people have to draw the associations and bury this view of Neanderthals as half-wits."
Professor Chris Stringer, a palaeontologist from the Natural History Museum in London, UK, said: "I agree that these findings help to disprove the view that Neanderthals were dim-witted".
But, he added that evidence to that effect had been growing for at least the last decade.
"It's very difficult to dislodge the brutish image from popular thinking," Professor Stringer told BBC News. "When football fans behave badly, or politicians advocate reactionary views, they are invariably called 'Neanderthal', and I can't see the tabloids changing their headlines any time soon."


Publicado em:
2010/01/09 01:47:15 GMT

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

200 Séculos da História do Vale do Côa: incursões na vida quotidiana dos caçadores-artistas do Paleolítico.

Acaba de ser editado, pelo IGESPAR, I.P. e no âmbito do Museu do Côa, o número 52 da colecção Trabalhos de Arqueologia, dedicado ao Vale do Côa.


Preâmbulo
Mais de um século após a descoberta dos frescos da gruta de Altamira, o grande público, mas também o meio científico, tomou consciência, com a descoberta de gravuras ao ar livre nas vertentes rochosas do Vale do Côa, da verdadeira diversidade das manifestações artísticas do Paleolítico e das primeiras monumentalizações de um espaço natural.
A surpreendente conservação destas representações, testemunhos da humanidade contemporânea da última era glaciar, levanta muitas questões. Quando foram realizadas? Como foram percepcionadas pelas gerações de caçadores-recolectores que se sucederam neste território? O que sabemos realmente da vida quotidiana e da cultura que permitiu o desenvolvimento de um tal suporte gráfico de comunicação? Quais eram as relações estabelecidas entre os diversos grupos humanos da Península Ibérica?
Para tentar responder e abrir pequenas janelas sobre este passado, 25 investigadores de origem portuguesa, francesa, espanhola e suíça aceitaram a aposta de conservação in situ das gravuras do Côa e as suas implicações científicas e culturais.
Os dados e as perspectivas que abrem com a investigação realizada são apresentados neste trabalho.

Thierry Aubry,
Coordenação Científica
in:

Há cem mil anos a despensa dos humanos já teria cereais

Descoberta feita numa gruta em Moçambique relevou que a nossa espécie terá começado a ingerir cereais, e a aproveitar o seu amido energético, há bastante mais tempo do que se supunha. Alguns arqueólogos não estão, no entanto, totalmente convencidos.
O advento da agricultura era então algo ainda longínquo e os humanos da nossa espécie, Homo sapiens sapiens, baseavam a sua alimentação na caça e na recolha dos frutos, nozes e raízes que encontravam. Os cereais, pelo menos tanto quanto as descobertas arqueológicas permitiam dizer, iriam ainda manter-se arredados milhares de anos da despensa dos seres humanos. Afinal, pode não ser bem assim: vestígios de sorgo encontrados numa gruta em Moçambique revelaram que há cem mil anos já comíamos cereais.
Em 2007, o arqueólogo Julio Mercader, da Universidade de Calgary (Canadá), esteve a escavar na gruta de Ngalue, no Noroeste do país, com colegas moçambicanos da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo. Ao fim de um corredor com 20 metros de comprimento, a gruta desemboca numa câmara escura, com 50 metros quadrados e um tecto a oito metros de altura, que foi habitada de forma intermitente, ao longo de mais de 60 mil anos, por caçadores-recolectores.
Bem no interior da gruta, encontraram-se diversos tipos de ferramentas de pedra, ossos de animais e restos de plantas, depositados em camadas de sedimentos com 42 mil a 105 mil anos. Ora nas camadas com mais de cem mil anos o arqueólogo deparou-se com ferramentas que apresentavam vestígios de amido, oriundo principalmente de sorgo selvagem (quase 90 por cento dos restos de amido provinham deste cereal), segundo revela Mercader num artigo científico que publicou na revista Science. Outros vestígios de amido detectados provinham da palmeira-africana (que dá vinho), da batata-africana ou da bananeira-da-abissínia.

Esta é apresentada como a prova directa mais antiga do consumo
dos cereais pelos humanos modernos.

Início da agricultura
Qual a importância da descoberta relativa ao sorgo? É apresentada como a prova directa mais antiga do consumo dos cereais pelos humanos modernos, como se chama também à nossa espécie, surgida há cerca de 200 mil anos.
Até há pouco tempo, pensava-se que os humanos só começaram a comer grandes quantidades de cereais com a domesticação das plantas há dez mil anos - ou seja, com o aparecimento da agricultura. Esta ideia foi abalada em 2004, quando uma equipa de cientistas disse ter descoberto vestígios de trigo e cevada numa ferramenta de pedra com 23 mil anos, encontrada em Israel. O artigo de Mercader na Science veio portanto revelar que começámos a comer cereais cerca de 80 mil anos mais cedo do que se supunha até agora.
Pensava-se que os cereais teriam entrado tardiamente na alimentação humana por uma simples razão: como não é fácil torná-los saborosos, têm de ser transformados em farinha e cozidos em pão ou papas. Além do dispêndio de energia, isso é tecnologicamente difícil, pelo que se pensou que só bastante tarde os humanos começaram a tirar proveito do seu conteúdo em amido, como uma reserva energética. Hoje, o sorgo é o principal cereal consumido na África subsariana, onde a sua farinha até é fermentada em bebidas alcoólicas.
"Isto alarga a cronologia do uso de cereais pela nossa espécie e prova a existência de uma dieta sofisticada mais cedo do que pensávamos. Aconteceu numa altura em que, convencionalmente, se considerava a recolha de grãos selvagens como uma actividade irrelevante e não tão importante como a da apanha de raízes, frutas e nozes", sublinhou Mercader, citado numa nota da sua universidade.

Passo na evolução humana
"Tem-se colocado a hipótese de que o amido representa um passo crítico na evolução humana, ao melhorar a qualidade da dieta humana na savana africana e nas terras húmidas, onde evoluíram os humanos modernos. Isto pode ser considerado um dos exemplos mais precoces desta transformação na dieta", acrescenta o arqueólogo. "A inclusão de cereais na nossa dieta é um importante passo na evolução humana por causa da sua complexidade técnica e da manipulação culinária que exige para transformar os grãos em bens de consumo."
Nem toda a gente concorda com a interpretação de Mercader. Por exemplo, o arqueólogo Curtis Marean, da Universidade Estadual do Arizona, considera que os cereais podem ter sido utilizados em muitas coisas, como servir de cama, segundo declarações suas numa notícia tambémda Science: "O custo do processamento dos cereais selvagens é muito elevado. Além disso, a maioria dos ambientes africanos tem uma diversidade de alimentos mais produtivos para os caçadores-recolectores."
Na mesma linha crítica, Huw Barton, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, diz que os resíduos de sorgo estão em ferramentas que não eram utilizadas no processamento de cereais. "Isto não tem qualquer sentido para mim", comenta.
A tudo isto, Mercader responde: "Por que é que alguém iria levar sorgo para uma gruta, a não ser que estivesse a fazer alguma coisa com ele? A explicação mais simples é a de que era um bem alimentar."
Seja qual for a interpretação mais próxima da realidade, o certo é que a descoberta na gruta de Ngalue lançou o debate sobre o que guardavam os primeiros Homo sapiens sapiens nas suas despensas.

In: Público
Por Teresa Firmino
04.01.2010 - 10:46

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Novas publicações




L'Anthropologie
Volume 113, Issue 5, Part 2, Pages 795-1018 (December 2009)
Représentations préhistoriques. Images du sens (3/3)

Volume 113, Issue 5, Part 1, Pages 679-794 (December 2009)
Représentations préhistoriques. Images du sens (2/3)

Volume 113, Issues 3-4, Pages 463-678 (July-November 2009)
Représentations préhistoriques. Images du sens (1/3)





Archaeological and Anthropological Sciences

Journal of archaeological science

Volume 37, Issue 3, Pages 437-670 (March 2010)









Journal of Archaeological Research





Acesso b-on