Os livros e tratados de cozinha mais antigos são quase sempre o reflexo de grupos sociais aristocráticos, espelhando o seu refinado quotidiano. Ora o acto arqueológico descobre e sistematiza a informação daqueles que não sabem escrever, daqueles que nunca tiveram história. O simples artefacto de cozinha, a humilde panela enegrecida pelo fogo, é para nós preciosa para compreender os hábitos alimentares, a topografia cultural da cozinha que, afinal, é o espaço mais nobre da casa camponesa. Em tempos anteriores, e sobretudo em época islâmica, a alimentação era dominada por uma enorme variedade hortícola assente na
fava, no grão-de-bico, no tremoço, na ervilha e no chícharo, a que se foram acrescentando outras espécies introduzidas, a partir do século X, como o arroz, o trigo duro, o espinafre a beringela e a alcachofra.
Neste encontro pretendemos abordar, sob diferentes perspectivas, que abrangem desde a documentação literária e escrita aos vestígios arqueológicos, aspectos relacionados com a alimentação no Mediterrâneo, focando sobretudo o período islâmico e o seu extremo ocidental, tentando aprofundar tanto os seus precedentes como alguns fenómenos de continuidade na gastronomia actual. A apresentação de comunicações orais por convite será complementada com a exibição de posters, da iniciativa dos autores, sujeitos a avaliação prévia da comissão organizadora.
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