domingo, 3 de abril de 2011

Machados de pedra com mais de um milhão de anos encontrados na Índia


Alguns dos artefactos achados em Attiramapakkam
Alguns dos artefactos achados em Attiramapakkam

Datação é a mais antiga daquela zona e pode ajudar a perceber as migrações dos nossos antepassados

Bifaces da cultura acheulense com mais de um milhão de anos foram descobertos no sudeste da Índia. Estas são as ferramentas mais antigas encontradas até agora no sul da Ásia. As descobertas providenciam mais dados para se perceber a diáspora dos antigos hominídeos.

Shanti Pappu, o arqueólogo indiano responsável pelos trabalhos, explica que foram localizados mais de 3500 artefactos a sete metros de profundidade em Attiramapakkam, um dos sítios arqueológicos mais ricos do paleolítico (situado no estado de Tamil Nadu), descoberto em 1863 pelo geólogo britânico Robert Bruce Foote. O estudo está publicado na «Science».

Para datarem os artefactos, os investigadores fizeram medições electromagnéticas aos sedimentos que os cobriam. Percebeu-se então que os objectos tinham sido ali deixados antes da última inversão geomagnética. Juntamente com medições de isótopos de berílio e alumínio foram capazes de datar os objectos entre um milhão e 1,7 milhões de anos.

Os bifaces mais antigos encontrados fora de África encontram-se em Israel (Ubeidiya) e têm 1,4 milhões de anos. Os outros estão na China (800 mil anos) e no Paquistão (500 mil anos). Os investigadores consideram, à luz desta descoberta, que os objectos encontrados anteriormente no sul da Ásia deviam ser datados novamente.

A comunidade científica encontra-se dividida quanto à interpretação deste conjunto lítico. Citado pelo jornal espanhol «El Mundo», o arqueólogo inglês Robin Donnell, da Universidade de Sheffield, diz que o achado significa que esta tecnologia se estendeu pelo sul da Ásia centenas de milhares de anos antes do que pelo Levante e a Europa, onde este tipo de indústria tem apenas 500 mil anos.

Manuel Domínguez-Rodrigo, que investiga na Garganta de Olduvai, na Tanzânia, onde se encontra a tecnologia acheulense e a olduvaiense, lembra que o sistema de datação utilizado pode não ser totalmente fiável.

Para José María Bermúdez de Castro, director do centro espanhol do de Investigação e Evolução Humana, estes achados têm muita importância, pois pensa-se que terá sido pela Índia que os antigos hominídeos (homo erectus) traçaram a sua rota migratória até à Indonésia. Existe também a possibilidade de que esta tecnologia tenha surgido em paralelo neste período em várias zonas do planeta.

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