Fotografia dos objectos de barro cozido que mostram
estrias e marcas devido à utilização. DR
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Os fósforos como os conhecemos agora são uma invenção do século XIX, mas desde a pré-história que o homem faz fogo. Para isso, os povos utilizavam uma parafernália de utensílios. Uma equipa da Universidade Hebraica de Jerusalém analisou pequenos objectos de barro com 8000 anos, que antes se pensava serem formas fálicas de culto, e percebeu que serviam como “fósforos” para atear a chama. Estes “fósforos” são os mais antigos até agora encontrados, segundo o artigo publicado na revista PLoS One.
A equipa de Naama Goren-Ibar estudou mais de 80 destes objectos descobertos no sítio arqueológico de Sha’ar HaGolan, no Nordeste de Israel, onde há 8000 anos florescia a cultura neolítica Yarmukian. Os objectos estavam no Museu de Israel em Jerusalém classificados como objectos de culto.
Goren-Ibar em visita ao Museu viu naqueles objectos outro propósito. “Veio-me imediatamente à cabeça que estes objectos eram muito parecidos com todos os paus que se usam para fazer ‘fogo por fricção’”, explicou a investigadora, citada pela BBC News. “Temos provas da utilização de fogo feito pelos humanos modernos e pelos Neandertais, devido a [elementos arqueológicos como] madeira queimada, cinzas e lareiras. Mas nunca foi encontrado nada que se relacionasse com a forma de atear o fogo.”
O fogo por fricção pode ser feito com um arco de madeira com um cordão que prende uma broca – um pedaço de madeira cilíndrico. A ponta esférica deste pedaço de madeira ajusta-se a um buraco feito numa placa de madeira que fica no chão. Segurando a broca com uma pedra, pode-se utilizar o arco e a corda para girar a broca e fazer fricção na madeira ateando o fogo.
Fotografia dos objectos de barro cozido que mostram estrias
e marcas devido à utilização. DR
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A equipa da Universidade Hebraica de Jerusalém tentou perceber se os pequenos paus de barro cozido funcionavam como brocas. Estes paus, que tinham entre três e seis centímetros de comprimento e entre 1,2 e 1,4 centímetros de largura, eram cilíndricos com as pontas arredondadas, em forma de cone ou com uma forma irregular. Muitos estavam partidos, mas alguns permaneceram intactos ao longo de milénios.
A equipa identificou estrias e marcas lineares nas pontas dos paus e relacionou essas marcas com a fricção feita para atear o fogo. Além disso, encontrou partes chamuscadas nos “fósforos” e marcas na parte lateral que poderiam ter sido feitas pelas cordas do arco. “Propomos que estes objectos sejam o registo mais antigo de fósforos – brocas que serviam como componente de um mecanismo avançado para produzir fogo”, sugere o artigo.
Os autores não refutam o aspecto simbólico dos “fósforos”. A nível etnográfico, estas brocas e a placa de madeira “representavam o órgão sexual masculino e feminino”, defende o artigo.
In Público
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