Bio:
Pedro Manuel Lourenço Gonçalves.
Nasceu em Leiria em 15-06-1974 (35 anos).
Em 1997 termina a Licenciatura em Arquitectura, obtida na Universidade Lusíada de Lisboa.
Em 1998 volta para a Leiria, onde começa a exercer Arquitectura, o que ainda hoje faz, a nível profissional, tendo executado e projectado uma variedade de Projectos de Arquitectura, nomeadamente edifícios de habitação colectiva, estabelecimentos comerciais e edifícios institucionais. Dedica-se também ao desenho de mobiliário.
Em 2004, seguindo uma antiga paixão pela geografia, geologia e as problemáticas do território, inscreve-se no Mestrado em Geociências – ramo de Ambiente e Ordenamento do Território, na Universidade de Coimbra. Em 2008 termina esse mesmo mestrado, apresentando a tese: “A evolução holocénica do rio Lis e da laguna da Pederneira”. Este trabalho analisa e relata a evolução ambiental e geomorfológica do estuário do rio Lis e da laguna da Pederneira, assim como das respectivas bacias hidrográficas, durante o Holocénico. Trata-se de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar que recorre a diversos quadrantes do conhecimento, nomeadamente as Ciências da Terra e Ciências Históricas, para de uma forma abrangente contribuir para a compreensão e conhecimento dos factores naturais e antrópicos enquanto agentes na evolução holocénica de lagunas e estuários do centro de Portugal. Finalmente, este estudo foca e sublinha a importância do estudo da evolução geomorfológica para a definição das políticas de Ordenamento do Território, de modo a diminuir riscos e vulnerabilidades dos sistemas e estruturas sociais através da compreensão das lições e ilações do passado, como factores incontornáveis para uma avaliação prévia da sua eficácia no futuro.
“A Evolução Holocénica do rio Lis e da laguna da Pederneira”
Palavras-chave: Holocénico; evolução de sistemas estuarinos e lagunares; rio Lis; laguna; lagoa da Pederneira; rio Alcoa; erosão; sedimentação; impacto antrópico; ocupação humana; História; mudanças climáticas.
Breve Resumo: Durante o Holocénico sucederam-se alterações globais complexas no planeta Terra. Estas mudanças parecem ter na sua origem a quantidade e o modo como a Terra recebe a radiação vinda do Sol. A evolução registada nesta região durante o Holocénico foi sobretudo induzida por alterações no sistema clima/oceano no Atlântico Norte.
Até cerca de 5 ka BP os factores globais e naturais terão sido preponderantes na evolução costeira local. Ter-se-á assistido a uma subida generalizada do nível das águas do mar, em conjunto e devido a um aquecimento global. O oceano invadiu os relevos costeiros, criando uma costa recortada e formando rias em paleo-vales fluviais. A dinâmica sedimentar não conseguiu compensar essa subida. Terá sido portanto uma fase claramente transgressiva.
A partir de 5 ka BP, ganham preponderância os factores locais. As alterações no nível do mar terão sido muito menores. As dinâmicas sedimentares regionais, condicionadas pelo regime climático e oceânico tornam-se o principal factor de evolução territorial. O enchimento dos sistemas lagunares e estuarinos deu-se de um modo gradual através de fenómenos naturais, nomeadamente, o transporte de materiais friáveis por parte dos rios torrenciais da região e do noroeste da península Ibérica, a relativa estabilidade do nível do mar e o afluxo de areias eólicas a partir dos sistemas dunares litorais. Esta foi uma fase marcada por uma tendência genericamente regressiva, apesar de um pequeno aumento do nível eustático.
A intervenção humana, sobretudo por incremento de fenómenos erosivos, acelerou e potenciou esses fenómenos naturais a partir do Neolítico, com alterações do coberto vegetal e elevadas taxas de destruição de florestas, em grande parte para obtenção de áreas para actividades agro-pecuárias. A partir do séc. XIV acentuou-se essa mesma tendência, devido ao elevado aumento demográfico e urbano, com aumento exponencial de áreas impermeabilizadas e desflorestadas. Para além disso dá-se uma intervenção directa nos sistemas fluviais e marinhos. As dinâmicas sedimentares naturais foram profundamente alteradas, registando-se um aumento da erosão e uma maior acumulação de materiais nos troços terminais e junto da foz dos rios, levando a um rápido assoreamento e a diminuição das cargas sólidas para o mar, com défice de materiais nos sistemas costeiros.
A evolução geral do estuário do rio Lis e da laguna da Pederneira durante o Holocénico terá sido idêntica à generalidade dos sistemas lagunares e estuarinos da costa ocidental da Península Ibérica: rias – estuários – lagunas – sapais – pauis – várzeas aluvionares.
Existe concordância cronológica, pelo menos a nível regional, entre evolução cultural humana e mudanças climáticas, o que sugere relações de causalidade.
Dia 5 de Junho pelas 14h30
Laboratório de Arqueologia G22
Faculdade das Ciências Humanas e Sociais
Universidade do Algarve
Laboratório de Arqueologia G22
Faculdade das Ciências Humanas e Sociais
Universidade do Algarve
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