A área do curso médio do rio Awash, na Etiópia, é a região da Terra com uma~ocupação humana mais persistente. Há quase seis milhões de anos que membros da nossa linhagem ali vivem. Entretanto, a erosão solta ossadas do solo. Caso a caso, elas documentam a maneira como um primata foi evoluindo até conquistar o planeta. Haverá melhor sítio para perceber como nos tornámos humanos?
Fotografia por Tim D. Branca. Reconstrução digital do Ardipithecus ramidus, modelado em resina.
A vida é frágil em África, mas alguns restos mortais têm uma história para contar. A bacia de Afar localiza-se mesmo em cima de uma falha, em alargamento, da crosta terrestre. Ao longo das eras, os vulcões, os terramotos e a lenta acumulação de sedimentos convergiram entre si para enterrar as ossadas e, muito mais tarde, as devolverem à superfície sob a forma de fósseis. De acordo com o paleoantropólogo Tim White, da
Universidade da Califórnia, “há milhões de anos que morrem pessoas neste lugar. De vez em quando, temos a sorte de descobrir aquilo que delas resta”.
No passado mês de Outubro, o projecto de investigação Middle Awash, co-dirigido por Tim White juntamente com os colegas Berhane Asfaw e Giday WoldeGabriel, anunciou um achado produzido 15 anos antes: a descoberta do esqueleto de um membro da família humana morto há 4,4 milhões de anos num local denominado Aramis, cerca de trinta quilómetros a norte do lago Yardi. Pertencente à espécie Ardipithecus ramidus, esta adulta (baptizada “Ardi”) tem mais de um milhão de anos do que a famosa Lucy e fornece informação sobre um dos problemas--chave da evolução: a natureza do antepassado que partilhamos com os chimpanzés.
Texto de Jamie Shreeve
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