Investigadores identificaram escrita através de processo matemático mas não a conseguem decifrar
A civilização dos pictos, que ocupou a actual Escócia entre 300 a 843 d.C, deixou uma série de pedras esculpidas. Até agora, as imagens nelas presentes eram consideradas arte rupestre ou vinculadas à heráldica. O novo estudo de um grupo de investigadores britânicos das Universidades de Lancaster e Exeter, publicado na «Proceedings of the Royal Society A», sugere que as imagens são afinal a linguagem escrita dos pictos, há muito desaparecida.
Duas rochas gravadas da civilização dos pictos
Esta civilização continua a ser enigmática. Quando os romanos chegaram à Grã-Bretanha deram-lhe o nome de pinctus, que significava “pintados”, pois estes usavam o corpo tatuado.
Os autores do estudo explicam que deixaram algumas centenas de pedras habilmente esculpidas com símbolos estilizados. Devido à sua natureza fragmentária, ainda não tinha sido possível percebe-se se representavam uma forma de linguagem escrita.
O investigador Rob Lee e a sua equipa analisaram todas as imagens encontradas nas poucas centenas de rochas. Utilizaram um processo matemático conhecido como “entropia da informação” e estudaram a forma, a direcção, a aleatoriedade e outras características de cada gravura.
Os dados foram depois comparados com inúmeras linguagens escritas, tais como os hieróglifos egípcios, textos chineses, escrita latina, anglo-saxão, língua nórdica antiga, galês antigo, entre outras. Apesar de não coincidirem com nenhuma delas, apresentam características de escrita baseada numa linguagem falada.
As imagens mais utilizadas nas gravuras
Rob Lee, citado pela Discovery News, explica que a escrita aparece em duas formas básicas: a lexicográfica, que se baseia no discurso, e a semasiográfica, onde as imagens veiculam a significação pré-definida.
Paul Bouissac, da Universidade de Toronto, um dos mais conceituados investigadores na área, afirmou à Discovery que é mais que plausível que os ‘símbolos’ Pictos sejam exemplos de escrita, no sentido em que a informação codificada também tinha uma forma falada.
Contudo, o que se conhece deste sistema não permite, ainda, a sua decifração. Talvez apareça uma espécie de «pedra de Roseta» (aquela que permitiu decifrar-se o código hieroglífico egípcio) que desvenda o mistério. Uma descoberta dessas seria muito importante para conhecer aquela civilização perdida.
In: CiênciaHoje - 2010-04-01
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