terça-feira, 10 de março de 2009

Matriz de Harris

Surgida da necessidade do aperfeiçoamento do registo de dados em escavações arqueológicas com milhares de unidades estratigráficas, a matriz de Harris objectivava a elaboração de um esquema perfeitamente legível, onde se colocasse em evidência as relações estratigráficas essenciais, mostrando assim a ordem de deposição/formação das mesmas ao longo do tempo, de uma forma organizada e sequencial.
Através de um rigoroso registo dos dados resultantes das escavações arqueológicas, em fichas de unidades estratigráficas, estas realidades são identificadas, numeradas e registadas aquando do seu reconhecimento.

São definidos os três princípios base de estratigrafia em arqueologia:

· Princípio da sobreposição da estratigrafia arqueológica;
· Princípio da horizontalidade;
· Princípio da continuidade.



Aliados a estes, a ideia de interface, a percepção da existência de estruturas positivas e negativas e a identificação de relações cronológicas entre as camadas, pretendia colocar em evidência o princípio da sucessão estratigráfica, segundo as leis da sobreposição - o lugar exacto de uma unidade estratigráfica numa matriz encontra-se entre a mais recente (mais alta) de todas as unidades que cobre e a mais antiga (mais baixa) de todas as unidades que a cobrem – sendo que, desde que mantenham contacto físico entre ambas, é redundante qualquer outro tipo de relação. Contudo, as matrizes podem ainda representar mais dois tipos de relações: a correlação, que se estabelece sempre que duas unidades estratigráficas tenham sido apenas uma; e a diferença, onde as unidades não apresentam uma conexão estratigráfica directa.

Assim, e através da numeração das realidades estratigráficas aquando do registo de campo (não sendo esta necessariamente sequencial), é possível representar graficamente todas as relações entre as unidades, através da elaboração da matriz - do mais antigo para o mais recente, de baixo para cima - de modo a compreende-las e a reconstituir o seu contexto original.

Por fim, e uma vez que a matriz em si não apresenta dados cronológicos, deve-se proceder ao faseamento da mesma.

Desde Janeiro de 2008, o "Principles of Archaeological Stratigraphy" encontra-se disponível on-line. Para fazer o download em PDF basta clicar aqui.


Bibliografia
*Harris, E. (1997) Principles of Archaeological Stratigraphy, Second edition, London: Academic Press Limited.


Vera Pereira
Mestrando em Arqueologia, Teoria e Métodos
Universidade do Algarve

Silves recebe Colóquio Internacional sobre os Moçárabes no Gharb Al-Andalus


O Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, numa organização conjunta com o Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, promove o primeiro Colóquio Internacional subordinado ao tema “Os Moçárabes no Gharb Al-Andalus. Sinais de uma cultura”, no dia 14 de Março,no Auditório do Instituto Superior Jean Piaget, em Silves.

Os Moçárabes, realidade social e cultural que existiu entre os séculos VIII e XII, são uma área tradicionalmente pouco estudada em Portugal.

Com este primeiro encontro, o CELAS afirma pretender «fazer o ponto da situação sobre os conhecimentos actuais em Portugal e noutros países, delinear perspectivas de futuras investigações e promover a regularidade dos encontros com um leque cada vez mais alargado de especialistas».

Temas como “Existe una identidad mozárabe?”, “Novos elementos sobre a arte moçárabe em território português”, “Identidade e resistência. São Vicente e os Moçárabes de Lisboa”, “Os Moçárabes de Coimbra na frente de resistência à monarquia leonesa (séc.XI-XII)”, “Nos traços dos Moçárabes para uma investigação de hagiotoponímia no espaço português”, “Cronística Moçárabe (séculos VIII a XII)”, serão abordados pelos Professores e investigadores Maria de Jesus Viguera Molins, Paulo Almeida Fernandes, Pedro Picoito, Mário Campos de Gouveia, Isabel Alves Moreira, António Rei, vindos da Universidade Complutense de Madrid, da Nova de Lisboa e de outras instituições.

Após o debate, decorrerá o lançamento do nº 6 da revista «Xarajib», publicação do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, que apresenta nesta edição mais um importante conjunto de estudos, muitos deles inéditos, referentes à história, à cultura e ao património árabo-islâmicos e do Al-Andalus, da autoria de eméritos investigadores tanto portugueses como estrangeiros.

Este evento é apoiado pela Direcção Regional de Cultura do Algarve, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pela Associação de Estudos e Defesa do Património Histórico-Cultural de Silves, pela Gráfica Zambuja e pelo Instituto Superior Jean Piaget.

As inscrições podem ser efectuadas junto do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves: Apartado 57, 8300-999 Silves, pelo telemóvel 966345976, ou pelo e-mail silveslusoarabe@hotmail.com.


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