Celebra-se de
novo, este ano, em colaboração do Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia da
Universidade do Algarve e da Câmara Municipal de Vila do Bispo, o Dia Aberto da
Jazida Arqueológica Paleolítica de Vale Boi. No próximo dia 27, entre as 10 e
as 16:00 horas, o sítio arqueológico, localizado perto da EN125, a meio caminho
entre Lagos e Vila do Bispo, encontra-se aberto ao público. Aí todos os que
queiram terão oportunidade de ver em detalhe o trabalho de escavação
arqueológica, observar e mexer nos artefactos exumados com mais de 30 mil anos
e fazer, na primeira pessoa, todas as perguntas que tenham aos arqueólogos e
jovem estudantes a trabalhar em Vale Boi.
Neste âmbito,
serão ainda celebradas duas palestras sobre o tema, uma no dia 1 de Agosto
pelas 17:00 horas, em português, no Centro de Interpretação de Vila do Bispo, e
outra no dia 2 de Agosto, pelas 15:00 horas, em inglês, na Fortaleza de Sagres.
O sítio
arqueológico foi descoberto em 1998 como resultado dos trabalhos de prospecção
nos vales fluviais da Costa Vicentina. Situada a leste da Ribeira de Vale Boi
(concelho de Vila do Bispo), em frente da pequena localidade com o mesmo nome,
a jazida paleolítica localiza-se a cerca de 2 km da atual linha de costa. Os
vestígios arqueológicos apresentam uma dispersão superior a 10 000m2,
ocupando toda a vertente, que é limitada a Este por um afloramento calcário com
10 metros de altura e a Oeste pelo aluvião da Ribeira.
Os trabalhos
arqueológicos tiveram início no ano de 2000 e têm-se pautado pela intervenção em
três áreas distintas da jazida, que revelaram uma longa sequência cronológica,
iniciada há mais de 30 mil anos com os mais antigos elementos da nossa espécie
em Portugal.
Para além de
inúmeros artefactos de caça e de actividades diárias, foram também exumados
milhares de ossos de animais caçados, incluindo veado, auroque, cavalo, javali
e coelho que terão servido para a alimentação desses caçadores-recoletores, bem
como leão, lobo, raposa e lince, provavelmente caçados devido às suas peles. O
marisqueio fazia também parte da vida diária desses primeiras comunidades
humanas no Algarve. Ainda de realçar, no sítio arqueológico de Vale Boi, a
presença de elementos de arte móvel, característica do período paleolítico na
Península Ibérica.
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