quinta-feira, 29 de março de 2012

Novo fóssil de pé de hominídeo põe fim à solidão da australopiteca Lucy

Durante décadas pensou-se que o Australopithecus afarensis, a espécie a que pertence a famosa Lucy, da África austral, era o único hominídeo no período entre 3,9 e 2,9 milhões. Afinal não era. Lado a lado, há 3,4 milhões de anos, havia outro hominídeo de que se sabe muito pouco. Apenas oito ossos do pé direito de um indivíduo desta espécie foram encontrados em 2009.

Tinha, tal como os gorilas, o dedo grande oponível, eficaz para quem trepava às árvores, mas era bípede como Lucy e caminhava com os dois pés a distâncias curtas. A descoberta, publicada nesta quarta-feira na Nature, ainda não valeu a junção de um elemento novo à árvore evolutiva dos hominídeos: são necessários mais dados, mas, para já, aumentou a complexidade da história humana e do aparecimento do bipedismo. 

Um dos fósseis do hominídeo desconhecido encontrado na Etiópia
(Yohannes Haile-Selassie)
 
Esta descoberta mostra-nos pela primeira vez que existia uma outra linhagem de hominídeos contemporâneos da Lucy. Temos um animal que estaria nas árvores durante uma parte significativa do tempo, mas quando descia até ao chão apoiar-se-ia nos metatarsos [ossos dos pés] laterais. Isto contrasta com o Australopithecus afarensis, que não subia às árvores e mostra as diferenças entre os dois padrões de locomoção”, explica Bruce Latimer, da Case Western Reserve University, de Cleveland, EUA. “Honestamente, pensaria que o Australopithecus afarensis era uma espécie sozinha”, diz o especialista, um dos autores do artigo. 

Os oito ossos com 3,4 milhões de anos foram encontrados em Fevereiro de 2009, região de Afar, no centro da Etiópia. São quatro metatarsos do pé direito (os ossos que vêm antes de cada falange), três falanges proximais e uma falange média. A descoberta está longe de dar uma visão completa do hominídeo desconhecido como fez o esqueleto da Lucy, descoberto em 1974, em relação ao Australopithecus afarensis. Ou como aconteceu com a Ardi, encontrada em 1994 mas apresentada ao mundo só em 2009. Considerada por muitos a avó da humanidade, a Ardi, um homínideo mais velho do que a Lucy, viveu há 4,4 milhões de anos e pertence à espécie Ardipithecus ramidus. 

Um pé no meio da evolução
Os primeiros hominíneos [o ramo humano da evolução] são caracterizados por uma grande diversidade que se reflecte nos vários géneros e nas muitas espécies existentes entre 7 e 2,5 milhões de anos. A passagem para o bipedismo terá sido gradual e em função das características ambientais e, consequentemente, hábitos dietéticos”, explica ao PÚBLICO Eugénia Cunha, antropóloga e professora da Universidade de Coimbra, que não esteve envolvida no trabalho. 

A Ardi é importante para esta história, porque existiu um milhão de anos antes do dono do novo fóssil, na Etiópia, e os ossos do dedo grande mostram que ele era oponível, de quem vivia nas árvores. Mas o resto do pé indica que mantinha um caminhar a duas pernas, embora com um estilo mais coxo do que os hominídeos que surgiram depois. A espécie da Lucy, por exemplo, já tinha os ossos do dedo grande a acompanhar os dos outros dedos do pé, tal como o pé humano actual. Um sinal claro de uma espécie que fazia a vida no chão. 

O novo fóssil tinha características intermédias. “Este pé parece ser uma continuação/evolução do género Ardipithecus de há 4,4 milhões de anos. Nesse aspecto é interessante verificar que esse género poderá ter tido continuidade”, avalia a investigadora portuguesa. Caminhava de forma bípede, porque a ligação entre os metatarsos laterais e as falanges tinha as características que permitiam dar o impulso com os dedos dos pés para iniciar o próximo passo. Mas não tinha o arco do pé, porque o dedo grande era oponível. “Provavelmente usava o dedo grande para se equilibrar”, sugeriu Bruce Latimer, numa conferência de imprensa. “Tenho dificuldade em pensar como é que esta espécie caminharia”, admite, rindo-se. 

À espera de mais fósseis
A descoberta reforça, no entanto, o que a Ardi já tinha mostrado. O antepassado de chimpanzés, gorilas e humanos (e tudo o que existiu entre estas espécies), um ser muito mais antigo do que Ardi, que viveu há cerca de dez milhões de anos, não teria um aspecto parecido com os primatas de hoje, como se pensou durante décadas. O gorila e o chimpanzé divergiram tanto desse antepassado como nós. “O pé do chimpanzé é um modelo impróprio e pobre para o que seria o pé ancestral humano. É muito diferenciado, e agora podemos ver isto”, reflecte Latimer. Faltam mais fósseis do esqueleto deste hominídeo para os cientistas conseguirem dizer que é uma nova espécie e para se conhecer os seus hábitos alimentares. “Este pé não é necessariamente uma nova espécie. A história da paleontologia humana diz-nos que devemos ser prudentes relativamente à criação de novas espécies. Os autores são cautelosos a esse respeito”, contextualiza Eugénia Cunha, explicando que pode ser uma “continuidade do Ardipithecus”.

Mas o contexto geológico responde a muitas questões sobre que local era aquele há 3,4 milhões de anos. “Era um ambiente aquático, os rios desaguavam numa massa de água perene, haveria floresta à beira da água, o que é consistente com o registo fóssil de uma criatura que trepava às árvores”, descreve Beverly Saylor, outra autora do artigo. 

Estes dados sobre o ambiente são importantes. O registo fóssil da espécie da Lucy estende-se ao longo de um milhão de anos. Além de se sobrepor temporalmente à nova descoberta, muitos achados estão a poucos quilómetros de distância do fóssil do pé. Por isso, existiam duas espécies a servirem-se de nichos ecológicos diferentes na mesma região. Uma ficava em cima das árvores, a outra, por contraste, optou pelo chão. “Temos tipos divergentes de bipedismo, um como o da Lucy, a andar de forma erecta, decidida a caminhar no chão”, interpreta Latimer. O outro a ficar nas árvores. 

Uma conclusão imediata é que, afinal, a variedade de hominídeos foi maior, assim como as suas morfologias e adaptações ao ambiente. Num artigo de análise da Nature, Daniel Liberman, da Universidade de Harvard, refere que “são necessários mais fósseis para determinar qual o corpo que acompanha este pé e para perceber que características [do bipedismo] evoluíram uma só vez ou várias vezes”. É preciso voltar ao terreno à procura das próximas ossadas.

Encontro Arqueólogos e Arqueologia do Mar

Seminario de Estudio de Materiales líticos y restos faunísticos - Abric Pizarro 2012

Entre los días 11 y 30 de junio de 2012 se llevará acabo un seminario de estudio de materiales líticos y restos faunísticos del yacimiento de Paleolítico medio Abric Pizarro (Vilamajor, Àger).

Los interesad@s en participar en este seminario deben ponerse en contacto vía e-mail adjuntando currículum arqueológico y breve explicación de las motivaciones para asistir a este seminario. Asimismo debe indicarse el interés por participar en el análisis de material lítico o de los restos faunísticos. Es recomendable tener experiencia en el tratamiento de material lítico o faunístico, aunque no es imprescindible para poder participar.

Para más información:

Interesad@s ponerse en contacto con:

Susana Vega Bolivar
Centre d'Estudis del Patrimoni Arqueològic de la Prehistòria
CEPAP-UAB

Quaternary International


Volume 257, Pages 1-102,
20 April 2012

Palaeogroundwater dynamics and their importance for past human settlements and today's water management
Edited by Sylvi Haldorsen and Holger Treidel

Archaeology, Ethnology and Anthropology of Eurasia


Pages 1-160, December 2011

Concurso Arqueociências

Abertura de candidaturas e apresentação de propostas de 20 de Abril a 14 de Maio

O Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR, IP), através da participação directa do seu Laboratório de Arqueociências vai dar início a um novo programa de cooperação científica com a Comunidade Arqueológica Nacional. Neste sentido, os responsáveis por Projectos de Investigação Plurianuais - submetidos e aprovados no âmbito do Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos (PNTA) - poderão apresentar candidaturas ao IGESPAR, IP, para a realização de estudos específicos e prestação de serviços, de 20 de Abril a 14 de Maio de 2012, nas áreas disciplinares de Arqueozoologia (de mamíferos, peixes, aves, anfíbios e répteis), Paleobotânica (análise polínica, de esporos e de outros micro-fósseis de origem vegetal; Carpologia) e Geoarqueologia (avaliação, no terreno, do contexto geológico e geomorfológico de sítios em curso de escavação; orientação na delineação de estratégias de intervenção).

Os concursos serão abertos anualmente e o anúncio - através de edital publicado no sítio igespar.pt - será tornado público 30 dias continuados antes do início da apresentação das propostas e decorrerá por um período de 15 dias úteis. As candidaturas serão objecto de uma avaliação rigorosa de modo a estabelecer uma hierarquia e fundamentar a respectiva selecção para estudo, de acordo com as informações contidas no Formulário de Candidatura.

Bioarqueóloga americana analisa vestígios humanos recolhidos na gruta da Lapa do Suão

Do material contido em 20 caixas,
teve de separar os vestígios
 humanos dos vestígios animais.
Durante seis semanas, o Museu Municipal do Bombarral foi a “casa” de Jennifer Guffey, bioarqueóloga oriunda da Universidade de Louisville, Kentuky, nos Estados Unidos da América. A investigadora foi ao Bombarral analisar os vestígios humanos recolhidos nas décadas de 70 e 80 na gruta da Lapa do Suão, na Columbeira, tendo a Câmara cedido o alojamento.
Do material contido em 20 caixas, teve de separar os vestígios humanos dos vestígios animais.
Após determinar se os elementos eram referentes ao lado esquerdo ou ao direito, cataloguei cada um deles, determinando o número de indivíduos, e, nos casos em que foi possível, a sua idade e o sexo. Por vezes, consegue-se determinar se é masculino ou feminino e que idade tinha quando faleceu. Consegui descortinar algumas patologias e doenças e verifiquei a existência de marcas em alguns ossos, algo que penso estar relacionado com alguns rituais executados no momento da preparação do defunto”, relatou.
A especialista contou que “encontrei ossos de crianças com menos de dois anos de idade, bem como várias crianças entre os 2 e os 10 anos de idade e algumas entre os 10 e os 15 anos. Na maioria são adultos com idades a partir dos 23 anos, havendo igualmente alguns com cerca de 50 anos. Os mais velhos terão entre os 50 e os 55 anos”.
Alguns dos vestígios serão do período Neolítico enquanto outros poderão ser da Idade do Cobre.
Em abril Jennifer Guffey irá fazer uma apresentação dos resultados à Sociedade Americana de Arqueologia numa conferência, na cidade de Memphis, Tennessee, nos EUA.

La Sagrera descubre una enorme fosa con 125 hombres prehistóricos

La Barcelona del futuro, la que construye la macroestación del AVE, el nuevo corredor ferroviario cubierto por un parque de Sant Andreu y el centro económico y residencial de La Sagrera, ha topado de nuevo con un pasado que cada vez es más remoto. El movimiento de tierras para levantar la terminal ferroviaria ha destapado cerca del puente de Bac de Roda un yacimiento prehistórico sin precedentes por su dimensión y su estado. Los arqueólogos han descubierto hasta ahora, porque los trabajos siguen y continuarán durante bastante tiempo, los restos de 125 individuos del neolítico de unos 4.000 años de antigüedad.

La espectacular masa de huesos de la fosa que se va desenterrando progresivamente muestra que los cuerpos descarnados no han sido removidos en estos siglos. Su disposición es la misma que cuando fueron sepultados, probablemente en un periodo muy corto de tiempo, sin signos de violencia.

«Es un hallazgo excepcional, de referencia internacional, de aquellos que salen en los libros de historia», dijo ayer a este diario Josep Pujades, responsable de intervenciones arqueológicas del Instituto de Cultura de Barcelona que dirige el teniente de alcalde del área, Jaume Ciurana. Los enterramientos prehistóricos con tantos individuos son muy infrecuentes y aún más con la mayoría de cuerpos en una disposición que los expertos llaman de conexión anatómica, es decir, con los huesos en la posición original del cuerpo humano, sin remover.

Algunos de los restos humanos del neolítico hallados durante los trabajos del AVE en La Sagrera. FRANCESC ANTEQUERA / PAZ BALAGUER
TRABAJO INTENSIVO / En la zona trabajan de forma intensiva en dos turnos, sábados incluidos, una decena de arqueólogos, tres de ellos como directores de una labor que ejecuta la empresa especializada Codex. Estos expertos realizan su cometido en una verdadera isla en medio del mar de las obras de la macroestación que, por ahora, siguen adelante a buen ritmo. Según explican fuentes de las constructoras, de allí se han extraído ya más de medio millón de metros cúbicos de tierras, un volumen enorme casi parecido al que se ha sacado en la perforación de los cinco kilómetros del túnel del AVE entre La Sagrera y Sants por el subsuelo de todo el Eixample.

El gestor de infraestructuras Adif, ente del Ministerio de Fomento responsable del proyecto de la alta velocidad, es quien costea esta excavación arqueológica así como todas las demás, hasta 16 incluida la villa romana sepultada ya junto al antiguo puente del Treball Digne, que se llevan a cabo en los cuatro kilómetros de corredor entre el puente de Bac de Roda y el nudo de la Trinitat.

La intervención en esta zona se inició en el 2011 y hasta octubre se habían localizado una treintena de individuos así como algún resto de cerámica prehistórica. En las últimas semanas, sin embargo, el descubrimiento de cuerpos se ha disparado hasta los 125 contabilizados ayer mismo. A medida que los restos se identifican y documentan se trasladan a los almacenes del centro de conservación y restauración de patrimonio que el Museu d'Història de Barcelona tiene en la Zona Franca. Allí se realizan los tratamientos imprescindibles para efectuar su estudio anatómico.

PRUEBA DEL CARBONO 14 / Los informes de los expertos sitúan este yacimiento entre el neolítico final (del año 2000 al 1800 antes de Cristo) y la primera edad de bronce (del 1800 al 1500). Para establecer con exactitud la época en la que vivieron estos primeros barceloneses, Josep Pujades explicó que se han enviado dos muestras a un laboratorio italiano, solvente y que trabaja con rapidez, para que realice la prueba del carbono 14. Este es un método muy fiable de datación radiométrica que utiliza ese isótopo. En pocos días se tendrán los resultados.

Los 125 cuerpos neolíticos que hasta ahora se han descubierto en La Sagrera corresponden a personas de ambos sexos y de todas las edades. Allí hay hombres, mujeres, niños, jóvenes y adultos. A pesar de la magnitud del enterramiento, que todavía puede crecer bastante más, no se han encontrado por el momento vestigios de algún poblado o de algún tipo de asentamiento que pudiera haber creado la colonia prehistórica.

UNA ANTROPÓLOGA // En el equipo de trabajo se ha integrado también una antropóloga de la empresa Estrats con lo que se da la máxima atención al estudio de los individuos enterrados. Empezando por informaciones básicas sobre sexo, edad y patologías que puedan observarse en un conjunto de huesos tan enteros y bien conservados.

FameLab


A Ciência Viva e o British Council trazem a Portugal mais uma edição do FameLab, um concurso internacional de comunicação de ciência, que conta este ano com a participação de 20 países.

Se gosta de ciência e de falar sobre ciência, esta é a sua oportunidade para mostrar as suas capacidades de comunicação e alargar os seus contactos em Portugal e no estrangeiro.


Inscrições até 15 de Abril

terça-feira, 20 de março de 2012

Obras da variante de Faro da EN125 “descobrem” cemitério romano

Há 1900 anos, entre meados dos séculos II e III depois de Cristo, uma comunidade de agricultores romanos sepultou os seus mortos, ao longo de pelo menos uma centena de anos, num local nas margens do Rio Seco, que hoje se situa nos arrabaldes da atual cidade de Faro, ao lado da Pista de Atletismo.

Onde viviam esses agricultores não se sabe hoje muito bem, porque não foram ainda encontrados vestígios da villa, a grande quinta rural, onde teriam a sua habitação e as zonas de apoio à atividade agrícola.

No entanto, mais ou menos na mesma zona, em finais do século XIX, Estácio da Veiga, considerado o pai da arqueologia portuguesa, identificou uma villa romana, num sítio a que chamou Amendoal. Só que, há mais de cem anos não havia GPS e a localização exata desse povoado rural romano perdeu-se. Por isso não se sabe onde ficava, nem se teria qualquer relação com a necrópole romana agora descoberta.

Se não se sabe onde viviam as pessoas que durante quase dois milénios estiveram enterradas no terreno no Rio Seco, à beira da EN125, pelo menos espera-se agora que os esqueletos relativamente bem preservados e algum – pouco – espólio encontrado em cerca de sete dezenas de sepulturas na necrópole possam dar pistas aos investigadores sobre quem eram estes romanos, onde e como viviam.

A necrópole foi descoberta em agosto passado, durante os trabalhos de acompanhamento arqueológico da Variante de Faro à EN125, por técnicos da empresa Archeocelis, responsável por todo o acompanhamento das obras de requalificação daquela estrada e das respetivas variantes, de Vila do Bispo quase a Vila Real de Santo António.

Mas os trabalhos de escavações só começaram no dia 23 de janeiro deste ano, tendo chegado a ocupar uma equipa de 15 pessoas, entre arqueólogos, estudantes de arqueologia e antropólogos.

Segundo Teresa Miguel Barbosa, a arqueóloga responsável pelos trabalhos na necrópole, estima-se que a intervenção dure apenas mais duas semanas.

«Estamos a fazer todos os registos e levantamentos das sepulturas, a retirar o espólio osteológico e finalmente desmontaremos as estruturas. Depois de termos terminado o nosso trabalho, as obras podem avançar neste local», explicou Teresa Barbosa, em entrevista ao Sul Informação.

Destruição e preservação

Enquanto a equipa de jovens arqueólogos se dedica a registar com todo o rigor, em desenho e fotografia, as sepulturas romanas encontradas – até agora estão identificadas 67, mas poderão ser 70 a 72 nos 870 metros quadrados da intervenção – as obras da variante prosseguem a bom ritmo ali mesmo ao lado.

Da necrópole nada ficará no terreno, que em breve será coberto pelo alcatrão da nova estrada. A memória deste local, do seu espólio e das estruturas funerárias, só poderá depois ser encontrada no Museu Municipal de Faro, onde todo o material ficará depositado.

Mas não se pense que esta é a primeira destruição que a necrópole romana sofre. O cemitério estendia-se originalmente para uma zona onde, em meados do século passado, foi plantado um laranjal, entre a EN125 e a estrada para a Conceição de Faro.

Agricultura, estradas, casas, tudo contribuiu para ir destruindo, a pouco e pouco, os vestígios milenares, em tempos em que não se pensava muito na importância de preservar esses testemunhos do passado.

A própria Pista de Atletismo de Faro, construída há meia dúzia de anos, também deu o seu contributo para a destruição. Pelo menos um dos muros da pista foi construído bem em cima de sepulturas romanas, destruindo-as. E, apesar de se tratar de obras recentes, já obrigadas a acompanhamento arqueológico, não parece que alguém alguma vez se tenha apercebido de que ali havia vestígios que importaria estudar. Ou, se alguém se apercebeu…

Hierarquia na morte, como na vida

Até ao momento foram descobertos, nos 870 metros quadrados, 67 sepulturas romanas, mas pensa-se que poderão ser 72.

«Há uma grande variedade de tipologias de sepulturas: umas mais simples, cobertas com tégulas [telha romana plana] em telhados de uma água, outras em caixa, com telhados em tégula de duas águas, ou mesmo em ânfora», explica a arqueóloga Teresa Barbosa.

«No período romano, a hierarquização na vida também se encontrava na morte». Por isso, algumas das sepulturas eram mais elaboradas, provavelmente indicando que os indivíduos aí sepultados teriam um estatuto social mais elevado na comunidade.

Uma das questões que a arqueóloga da Archeocelis considera ser interessante é o facto de haver «quase o mesmo número de subadultos» (jovens e crianças) enterrados, o que pode estar relacionado com a grande mortalidade infantil e juvenil da época. Mas também pode querer dizer simplesmente que a zona da necrópole investigada pelos arqueólogos era aquela onde se sepultava esses jovens e crianças…

Outro dado curioso é o «enterramento de neonados», de recém-nascidos, o que, naquela época, não era comum, já que se pensava que as crianças não eram propriamente pessoas enquanto não fossem seres pensantes e autónomos, aí pelos 4 ou 5 anos, no mínimo.

«Mas aqui há uma quantidade considerável de neonatos, pelo menos 10», explica a arqueóloga.

Também interessante é a descoberta de recém-nascidos enterrados em ânforas, um tipo de enterramento que ainda não tinha sido identificado no Algarve. Aqui foram encontrados quatro.

Nas sepulturas, há muito pouco espólio para além dos esqueletos, que, embora relativamente bem preservados, quase se desfazem quando se retiram os ossos do seu descanso de 1800 a 1900 anos. «Por isso, antes de tocarmos nos ossos, fazemos o registo o mais rigoroso e completo possível», garante Teresa Barbosa.

Da avaliação prévia dos restos humanos já feita no local e em laboratório pelos antropólogos que integram a equipa, já se conseguiram, por exemplo, identificar as doenças mais comuns desta época, nesta população. E constatou-se, por exemplo, que grande parte das pessoas ali sepultadas, até mesmo as crianças, tinham os dentes muitos desgastados, devido a uma alimentação muito baseada em cereais duros.

Uma oportunidade científica única

As escavações permitiram identificar duas áreas de ocupação da necrópole, desde meados do século II até meados do século III depois de Cristo.

Carlos Pereira, aluno de doutoramento da Universidade Clássica de Lisboa, tem estado a participar nas escavações da necrópole do Rio Seco porque se trata de uma oportunidade que não surge muitas vezes.

É que, como explicou ao Sul Informação, apesar de haver muitas necrópoles romanas identificadas no Algarve, «poucas foram intervencionadas recentemente, com os métodos atuais». Na villa romana de Milreu, perto de Estoi, que fica a meia dúzia de quilómetros deste local, as intervenções foram feitas em finais do século XIX, por Estácio da Veiga. Mas os métodos eram diferentes e, por isso, «não há toda a informação da necrópole».

Bem mais recente foi a intervenção de 2004 no Largo 25 de Abril, em Faro, numa necrópole que faria parte da cidade romana deOssónoba. «As estruturas eram tipologicamente muito semelhantes a estas», garante Carlos Pereira.

Por isso, a esperança do jovem investigador é que esta escavação na necrópole do Rio Seco «forneça dados que faltavam nas outras intervenções». «Não é que estes dados sejam inéditos. A questão é que não tínhamos nenhuma escavação atual, com métodos atuais e com estas dimensões». Daí o interesse científico desta necrópole.

O espólio retirado desta necrópole – ossos, estruturas das sepulturas, algumas peças de cerâmica – será depositado no Museu de Faro. Mas, em conjunto com toda a investigação, será também objeto de divulgação, para um público mais especializado e, espera-se, para o grande público.

Teresa Barbosa disse esperar que os primeiros resultados desta intervenção sejam apresentados em outubro, no Encontro de Arqueologia do Algarve, que costuma ter lugar em Silves. Mas pode ser que haja também uma outra apresentação, mais voltada para o público leigo, em Faro.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Arqueologia da Bacia Hidrográfica do Tejo


Geomorphology


"Uma História da Arqueologia Portuguesa"


Taphonomy and archaeozoological research: recent approaches

The ICAZ Taphonomy Working Group (TWG) invites papers for our 2nd meeting "Taphonomy and archaeozoological research: recent approaches" to be held September 12th–14th, 2012, at the University of Cantabria, Santander (Spain). The meeting will be organized by Ana Belén Marín-Arroyo from the Cantabrian International Institute for Prehistoric Research and Marta Moreno-García from the Human and Social Sciences Centre (CSIC) with the support of the University of Cantabria, the Spanish National Research Council (CSIC) and the CONSOLIDER Programme.

The ICAZ TWG was created in Autumn 2009 with the aim to encourage dissemination, collaboration and interdisciplinary work in taphonomic research. Up to now, the group has more than 70 members from 20 countries and five continents. The proceedings of the successful 1st meeting held as part of 11th ICAZ International Conference in Paris 2010, have been published as a special issue of the International Journal of Osteoarchaeology.

The 2nd meeting will be hosted at the University of Cantabria with two-days of sessions of oral and poster presentations and round table discussions, followed by a one-day practical workshop on taphonomic issues proposed by the delegates. The aim of the meeting is to assemble researchers interested in taphonomy that are involved in the study of faunal remains, and to encourage both formal and informal interactions.

We encourage presentations that:
  • Investigate the application of taphonomical analyses to archaeozoological data
  • Recognize the importance of taphonomy in the interpretation of archaeological faunal assemblages
  • Put together different taphonomical approaches with the aim to document post-depositional and formation processes
  • Provide new perspectives on recording biological agents of bone modification
  • Focus on the study of the spatial distribution and skeletal part frequencies of vertebrate faunal remains
  • Analyze butchering practices from a taphonomical perspective

We look forward to welcoming you in Santander!

Ana B. Marín-Arroyo (IIIPC-UC) and Marta Moreno-García (CCHS-CSIC)

Human fossils hint at new species

Scientists say the specimens display features
that are quite distinct from fully modern humans
The remains of what may be a previously unknown human species have been identified in southern China.

The bones, which represent at least five individuals, have been dated to between 11,500 and 14,500 years ago.

But scientists are calling them simply the Red Deer Cave people, after one of the sites where they were unearthed.

The team has told the PLoS One journal that far more detailed analysis of the fossils is required before they can be ascribed to a new human lineage.

"We're trying to be very careful at this stage about definitely classifying them," said study co-leader Darren Curnoe from the University of New South Wales, Australia.

"One of the reasons for that is that in the science of human evolution or palaeoanthropology, we presently don't have a generally agreed, biological definition for our own species (Homo sapiens), believe it or not. And so this is a highly contentious area," he told BBC News.

Much of the material has been in Chinese collections for some time but has only recently been subjected to intense investigation.

The remains of some of the individuals come from Maludong (or Red Deer Cave), near the city of Mengzi in Yunnan Province. A further skeleton was discovered at Longlin, in neighbouring Guangxi Province.

The skulls and teeth from the two locations are very similar to each other, suggesting they are from the same population.

Scientists continue to excavate at Maludong
But their features are quite distinct from what you might call a fully modern human, says the team. Instead, the Red Deer Cave people have a mix of archaic and modern characteristics.

In general, the individuals had rounded brain cases with prominent brow ridges. Their skull bones were quite thick. Their faces were quite short and flat and tucked under the brain, and they had broad noses.

Their jaws jutted forward but they lacked a modern-human-like chin. Computed Tomography (X-ray) scans of their brain cavities indicate they had modern-looking frontal lobes but quite archaic-looking anterior, or parietal, lobes. They also had large molar teeth.

Dr Curnoe and colleagues put forward two possible scenarios in their PLoS One paper for the origin of the Red Deer Cave population.

One posits that they represent a very early migration of a primitive-looking Homo sapiens that lived separately from other forms in Asia before dying out.

How the Red Deer Cave people might have
looked 11,500 years ago
Another possibility contends that they were indeed a distinct Homo species that evolved in Asia and lived alongside our own kind until remarkably recently.

A third scenario being suggested by scientists not connected with the research is that the Red Deer Cave people could be hybrids.

"It's possible these were modern humans who inter-mixed or bred with archaic humans that were around at the time," explained Dr Isabelle De Groote, a palaeoanthropologist from London's Natural History Museum.

"The other option is that they evolved these more primitive features independently because of genetic drift or isolation, or in a response to an environmental pressure such as climate."

Dr Curnoe agreed all this was "certainly possible".

Attempts are being made to extract DNA from the remains. This could yield information about interbreeding, just as genetic studies have on the closely related human species - the Neanderthals and an enigmatic group of people from Siberia known as the Denisovans.

Whatever their true place in the Homo family tree, the Red Deer People are an important find simply because of the dearth of well dated, well described specimens from this part of the world.

And their unearthing all adds to the fascinating and increasingly complex story of human migration and development.

Project leaders Darren Curnoe and Ji Xueping
discuss the Longlin skull
"The Red Deer People were living at what was a really interesting time in China, during what we call the epipalaeolithic or the end of the Stone Age," says Dr Curnoe.

"Not far from Longlin, there are quite well known archaeological sites where some of the very earliest evidence for the epipalaeolithic in East Asia has been found.

"These were occupied by very modern looking people who are already starting to make ceramics - pottery - to store food. And they're already harvesting from the landscape wild rice. There was an economic transition going on from full-blown foraging and gathering towards agriculture."

Quite how the Red Deer People fit into this picture is unclear. The research team is promising to report further investigations into some of the stone tools and cultural artefacts discovered at the dig sites.

The co-leader on the project is Professor Ji Xueping of the Yunnan Institute of Cultural Relics and Archaeology.

By Jonathan Amos Science correspondent

Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology


terça-feira, 13 de março de 2012

Ciclo de Conferências Territórios de Fronteira


Irá decorrer às 18 horas do próximo dia 12 de Abril de 2012 novo ciclo Territórios de Fronteira co-organizado pelo Grupo de Estudos em Evolução Humana (GEEVH), pelo Museu Nacional de Arqueologia (MNA) e pelo Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia da Universidade do Algarve (NAP). O ciclo inclui palestras de:

  • Cláudia Costa (UNIARQ, Universidade do Algarve) "Companheiros na vida e na morte: a integração de restos de animais nos rituais funerários"
  • David Gonçalves (CENCIFOR, IGESPAR, CIAS) "A análise de ossos queimados em contextos arqueológicos: algumas inovações"
  • Cristina Cruz (Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra, CIAS) “Viver a morte em Portugal: o potencial informativo dos relatórios antropológicos de campo

Serão fornecidos certificados de presença.
Contamos com a vossa presença e divulgação!
Obrigada

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mais de 30.000 acessos…


Desde Setembro de 2011 que soma-mos mais de 10.000 visitas... Vamos com mais de 30.000 acessos...
Obrigados a todos os leitores, apoiantes e amigos que visitam este espaço e a todas as pessoas que directa ou indirectamente contribuem para este projecto. Esperamos poder continuar a merecer a vossa preferência e confiança.

Aqui fica o sincero obrigado!
NAP

segunda-feira, 5 de março de 2012

The European Aurochs: an archaeological investigation of its evolution, morphological variability and response to human exploitation


O Nap agradece a todos os participantes e à comunicante Lizzie Wright.

Oficina de Fotografia


Vai decorrer entre 17 de Março e 1 de Abril, uma oficina de fotografia de objectos de História Natural. O curso terá lugar no Museu Nacional de História Natural e da Ciência.

PERIÓDICO DE ATAPUERCA, Nº 9

Periódico em atapuerca.com

Evidence suggests Neanderthals took to boats before modern humans

The Reconstruction of the Funeral of 
Homo neanderthalensis. Captured in the
Hannover Zoo. (Via Wikipedia)
(PhysOrg.com) Neanderthals, considered either a sub-species of modern humans or a separate species altogether, lived from approximately 300,000 years ago to somewhere near 24,000 years ago, when they inexplicably disappeared, leaving behind traces of their DNA in some Middle Eastern people and artifacts strewn all across the southern part of Europe and extending into western Asia. Some of those artifacts, stone tools that are uniquely associated with them, have been found on islands in the Mediterranean Sea, suggesting, according to a paper published in the Journal of Archaeological Science, by George Ferentinos and colleagues, that Neanderthals had figured out how to travel by boat. And if they did, it appears they did so before modern humans.

More in PhysOrg.com

Journal of Anthropological Archaeology


Quaternary Science Reviews


Exposicão CAMBOJA - Impressões Etno-arqueológicas


Climate change, adaptive cycles, and the persistence of foraging economies during the late Pleistocene/ Holocene transition in the Levant

Arlene M. Rosen a,1 and Isabel Rivera-Collazo a,b,2
a Institute of Archaeology, University College London, London WC1H 0PY, United Kingdom
b Department of Sociology and Anthropology, University of Puerto Rico, Rio Piedras, Puerto Rico 009

Abstract
Climatic forcing during the Younger Dryas (∼12.9–11.5 ky B.P.) event has become the theoretical basis to explain the origins of agricultural lifestyles in the Levant by suggesting a failure of foraging societies to adjust. This explanation however, does not fit the scarcity of data for predomestication cultivation in the Natufian Period. The resilience of Younger Dryas foragers is better illustrated by a concept of adaptive cycles within a theory of adaptive change (resilience theory). Such cycles consist of four phases: release/collapse (Ω); reorganization (α), when the system restructures itself after a catastrophic stimulus through innovation and social memory—a period of greater resilience and less vulnerability; exploitation (r); and conservation (K), representing an increasingly rigid system that loses flexibility to change. The Kebarans and Late Natufians had similar responses to cold and dry conditions vs. Early Natufians and the Pre-Pottery Neolithic A responses to warm and wet climates. Kebarans and Late Natufians (α-phase) shifted to a broader-based diet and increased their mobility. Early Natufian and Pre-Pottery Neolithic A populations (r- and K-phases) had a growing investment in more narrowly focused, high-yield plant resources, but they maintained the broad range of hunted animals because of increased sedentism. These human adaptive cycles interlocked with plant and animal cycles. Forest and grassland vegetation responded to late Pleistocene and early Holocene climatic fluctuations, but prey animal cycles reflected the impact of human hunting pressure. The combination of these three adaptive cycles results in a model of human adaptation, showing potential for great sustainability of Levantine foraging systems even under adverse climatic conditions.


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Geomorphology



Quaternary Research


Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology