A aventura humana poderá ter começado com o "Australopithecus sediba", que pode ser o antepassado do "Homo erectus", o mais antigo representante do género humano reconhecido pelos cientistas. O ponto de partida para esta afirmação são dois fósseis com 1,9 milhões de anos encontrados numa gruta na África do Sul e que são agora descritos pormenorizadamente em cinco artigos na revista "Science".
“Os fósseis mostram um cérebro surpreendentemente avançado mas pequeno, uma mão muito evoluída com um longo polegar como o dos humanos, uma pélvis moderna mas um pé e um tornozelo nunca vistos em nenhum hominino [os humanos e todos os seus antepassados evolutivos]”, descreve Lee Berger, da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, o coordenador da equipa internacional que estudou os esqueletos fossilizados de um jovem de 10 a 13 anos e de uma fêmea de 20 a 30 anos de "Australopithecus sediba".
Os fósseis, descritos pela primeira vez em 2010, estão muito bem conservados e os esqueletos bastante completos — o que é pouco frequente, e os cientistas conseguem tirar uma quantidade inacreditável de informação de um osso ou de um dente. Datam de um período crucial na evolução humana, e do qual existem poucos fósseis esclarecedores.
Os estudos publicados agora na "Science" debruçam-se sobre as mãos do "Australopithecus sediba" — antes, só se tinham analisado com precisão mãos de Neandertal —, os pés, a pélvis e o interior do crânio, para ter uma ideia das suas dimensões e forma.
Com esta análise detalhada, os cientistas defendem que o "Australopithecus sediba" é uma espécie de transição, já a aproximar-se dos humanos. “As muitas características avançadas no corpo e no cérebro fazem dele o melhor candidato para ser o antepassado do nosso género, o género 'Homo', mais do que anteriores descobertas, como o 'Homo habilis'”, diz Berger, num comunicado da sua universidade.
Mas o mais interessante desta descoberta pode nem ser a reviravolta na árvore evolutiva humana, defendida pela equipa de Berger, sublinham alguns paleoantropólogos conceituados. “Estes artigos são dos mais interessantes publicados nos últimos anos. Mas não pelos motivos que os seus autores julgam”, comentou ao "New York Times" Bernard Wood, da Universidade George Washington. Ver a evolução em acção é o mais interessante. Ian Tattersal, do the Museu Americano de História Natural (Nova Iorque), comentou que os fósseis mostram “que a evolução fazia muitas experiências naquela altura”, em declarações ao mesmo jornal. “O género 'Homo' surgiu desta fermentação evolutiva.”
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