sexta-feira, 26 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
No túmulo de Thyco Brahe há mais oito pessoas
Inesperadamente, a abertura do túmulo do astrónomo dinamarquês Thyco Brahe, esta segunda-feira, trouxe a revelação de que ao seu lado estão sepultadas mais oito pessoas. A equipa de cientistas ia à procura de esclarecer um mistério com mais de 400 anos – as causas da morte do astrónomo, que pode ter sido envenenado com mercúrio – e acabou por se deparar com esta surpresa.
Os investigadores esperam agora saber mais sobre a vida...e morte de Tycho Brahe
(Petr Josek/Reuters)
Uma das pessoas deverá ser a mulher de Thyco (1546-1601), Cristina, que foi sepultada três anos depois da morte do astrónomo, na Igreja de Nossa Senhora de Týn, em Praga (República Checa).
Mesmo assim, a equipa, liderada pelo arqueólogo dinamarquês Jens Vellev, da Universidade de Aarhus, não tem a certeza de que seja Cristina Brahe. Os ossos não estão completos, o que torna difícil a sua identificação, relatou um dos elementos da equipa, o antropólogo Petr Veleminsky, do Museu Nacional Checo, citado pelo jornal “El Mundo”. “Destes oito indivíduos, cinco são crianças. Foi bastante inesperado.”
Não há registos escritos sobre os outros mortos, que terão sido sepultados naquele local antes do astrónomo dinamarquês.
Mas a identidade dos ossos de Thyco, que nasceu na nobreza, foi confirmada. “Trata-se de um homem de idade avançada, que tem algumas mudanças no nariz. Poderão corresponder à lesão que Brahe sofreu quando tinha 20 ou 22 anos”, disse Veleminsky.
Thyco ficou desfigurado num duelo e, desde então, usou uma prótese de metal no nariz. Há quem diga que era de ouro e prata, outros que era de cobre, um facto que poderá agora ficar esclarecido.
A tomografia axial computorizada (TAC), que permitiu ter imagens tridimensionais dos ossos, também confirmou tratar-se de um homem do Norte da Europa, referiu Jens Vellev. Com estes dados, a equipa tenciona fazer uma reconstituição da cara do famoso astrónomo do século XVI, que passou 40 anos da sua vida a recolher observações das estrelas e dos planetas, ainda antes de o telescópio ter sido apontado aos céus.
Junto aos restos mortais do astrónomo, depositados numa urna de zinco, em 1901, quando se completaram 300 anos da sua morte, encontrou-se uma bota, uma meia e uma capa.
Foram também recolhidas amostras de cabelo e da barba e bigode, para detectar a presença de níveis elevados de mercúrio. Há cerca de 20 anos, análises aos fios de bigode de Thyco (que tinham sido retirados em 1901, quando se abriu o túmulo pela primeira vez) revelaram a existência de mercúrio em concentrações 100 vezes superiores ao normal.
Não tardaria muito a surgir a tese de que Thyco pode ter sido assassinado, e um suspeito começou a andar na berlinda – o astrónomo alemão Kepler, que foi seu assistente nos últimos 18 meses de vida. A relação de ambos era tensa. Diz-se que Kepler queria apoderar-se das observações de Thyco, que vieram a permitir aos astrónomo alemão elaborar as famosas três leis sobre o movimento dos planetas.
No entanto, mesmo que as novas análises corroborem a ingestão de dose elevadas de mercúrio, Thyco pode simplesmente ter sido intoxicado de forma acidental, uma vez que também era alquimista. Ou ter tomado o mercúrio como um fármaco, que nessa época era utilizado no tratamento de uma série de patologias.
Através das análises aos cabelos e à barba, os cientistas querem traçar os últimos meses de vida de Thyco. E, com o estudo dos ossos, pretendem descortinar um pouco mais da sua vida e das marcas que deixou no esqueleto. Aguardam-se os próximos capítulos.
In Público
Renasceu a Lisboa antes do terramoto
Uma nova recriação virtual mostra como era Lisboa antes do sismo de 1755. Ruas e edifícios que ruíram, como a Casa da Ópera ou a Rua Nova dos Ferros, ergueram-se agora da destruição. A viagem a essa Lisboa antiga pode fazer-se a partir de hoje no Museu da Cidade.
Maqueta de Lisboa antes do terramoto de 1755
(Foto: DR)
Recuemos até 31 de Outubro de 1755, véspera do sismo que arrasou Lisboa. Deambulemos pelo emaranhado de ruas sujas e nauseabundas, de traça medieval, e depois continuemos a pé até à beira do Tejo. Entre o labirinto de casas e ruelas desordenadas, abre-se o Terreiro do Paço, praça ampla com uma fonte no meio: de um dos lados, sobressai o torreão do Paço da Ribeira, onde vivem o rei e a corte. Não muito longe, encontramos a Igreja da Patriarcal, a recém-construída Ópera do Tejo ou a Ribeira das Naus, onde ficam estaleiros de construção naval.
No dia seguinte, 1 de Novembro, pelas nove e meia da manhã, a crosta terrestre rompeu-se no mar, ao largo de Portugal, e a terra tremeu com uma tal violência que grande parte da cidade ficou reduzida a escombros. Com magnitude de 8,5 graus, um dos maiores sismos de que há memória, o terramoto de 1755 é considerado a primeira grande catástrofe natural da história.
Uma hora e meia depois chegou o tsunami, gerado pela deformação no fundo do mar quando se deu o sismo, e inundou a zona ribeirinha da capital. Por último, os incêndios. Os fogões no casario denso, sempre acesos, atearam fogos que cobriram Lisboa de negro.
Terão morrido dez mil pessoas, nas estimativas recentes, entre as 200 mil que habitavam a cidade. Umas terão ficado debaixo dos escombros. Aquelas que fugiram para as margens do Tejo, sobretudo o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, foram apanhadas pela onda, que chegou com cinco metros de altura e avançou 250 metros terra adentro.
Foi em cima destas ruínas que renasceu uma Lisboa de ruas largas e geométricas na Baixa, tal como conhecemos agora. A cidade erguida da catástrofe - cujos trabalhos de reconstrução foram dirigidos por Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro Marquês de Pombal - sepultava assim muitos vestígios da antiga, descrita nos textos da época como caótica, cujas ruas e becos não obedeciam a qualquer plano prévio. Descreviam-na ainda como nojenta (as bacias com dejectos eram despejadas no Tejo) e contava-se queestava sempre a ser fustigada por incêndios.
Documentos, gravuras, litografias ou mapas perpetuaram a memória da cidade desaparecida, que foi sendo resgatada em projectos de investigação. Há cinco anos, na passagem dos 250 anos do terramoto, o Museu da Cidade quis ir mais longe e iniciou a recriação virtual a três dimensões da cidade pré-pombalina. Hoje, às 19h, faz-se a apresentação pública dessa reconstituição, com o presidente da câmara, António Costa, e a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto. Em quiosques multimédia, os visitantes podem agora reencontrar a Lisboa à beira do terramoto e cruzar-se com edifícios e algumas das zonas mais marcantes da cidade. Quem quiser pode visualizar as reconstituições rodando-as 360 graus. Ou ainda ver vídeos que reconstituem percursos - por exemplo, uma vista panorâmica da cidade, a frente ribeirinha,ou a Rua Nova dos Ferros...
City and Spectacle: A Vision of Pre-Earthquake Lisbon from Lisbon Pre 1755 Earthquake on Vimeo.
City and Spectacle: A Vision of Pre-Earthquake Lisbon from Lisbon Pre 1755 Earthquake on Vimeo.
Totalidade da notícia em:
Povoado romano encontrado na periferia de Londres
Aldeia teria sido importante ponto de passagem entre Silchester e a antiga Londinium
in CiênciaHoje 2010-11-18
in CiênciaHoje 2010-11-18
Em 2008, uma equipa de arqueólogos do Museu de Londres que realizava sondagens no espaço a ser ocupado por um hotel de luxo (em Syon Park, oeste de Londres) descobriu vestígios romanos século I d.C. Depois de dois anos de escavações, as descobertas são agora apresentadas ao grande público. Os vestígios incluem uma estrada, um povoado, locais de enterro e numerosos objectos.
A arqueóloga Jo Lyon, do Museu de Londres, afirma que foi “uma sorte encontrar tanto material perto da superfície. Este diz muito sobre como as pessoas daquele local viviam, trabalhavam e morriam”. Esta aldeia agrícola na periferia de Londinium (que deu origem a Londres actual) fazia parte de um importante caminho que ligava Londres a Silchester. Teria servido para fornecer bens àquela cidade e dar abrigo aos viajantes.
A descoberta ajuda a construir um retrato da paisagem romana e mostra como a agitada metrópole comunicava com o resto da Roma britânica. No sítio foram recuperados milhares de artefactos, incluindo duas braceletes de xisto, centenas de moedas, uma faca, louça romana e uma bracelete de ouro, esta do Bronze Final, anterior à ocupação romana.
Foram encontrados também esqueletos humanos que poderão ser de habitantes da povoação. Os arqueólogos admitem que a colocação destes esqueletos em valas e de lado é particularmente curioso, pois muito pouco comum.
O Duque de Northumberland, cuja família tem o seu Palácio em Syon Park há mais de 400 anos, já se pronunciou sobre o achado: “Syon Park tem uma história rica e notável. Os achados romanos são um complemento incrível para este legado e dão ênfase a este local como um marco importante na história britânica. Estamos satisfeitos que a construção do novo hotel tenha revelado esses importantes artefactos que, sem dúvida, podem gerar muito interesse nos hóspedes e nos visitantes do parque”.
Estudo revela que alguns islandeses descendem de ameríndia pré-colombiana
Análises de DNA provam que houve cruzamento entre vikings e índios americamos por volta do ano 1000
in CiênciaHoje 2010-11-17
Através de dados arqueológicos e da tradição literária existente, já se sabia que os vikings tinham estado na América antes do descobridor oficial – Cristóvão Colombo – lá ter chegado. Agora, uma investigação genética vem comprovar essa presença, indicando que houve de facto contacto entre as populações. Mais, uma mulher ameríndia terá sido levada para a Islândia e dela descendem algumas das famílias ainda existentes.
Para chegar a esta conclusão a equipa de investigadores analisou o DNA de quatro famílias islandesas – 80 pessoas – nas quais tinha identificou uma linhagem ameríndia. Apercebeu-se, assim, que o contacto pré-colombiano terá acontecido cinco séculos antes da chegada de Colombo. O artigo está publicado na revista «Journal of Physical Anthropology».
Sabia-se que os genes dos actuais islandeses procediam dos países escandinavos, da Escócia e da Irlanda, mas não se conhecia esta outra origem distante, explica o Conselho Superior de Investigações Científicas espanhol, ao qual pertence um dos grupos de investigação.
O povoado viking L'Anse aux Meadows, na ilha de Terra Nova (Canadá), descoberto em 1960 por Helge Ingstad e Anne Stine Ingstad, e textos medievais como «A Saga de Erik, o Vermelho», escrita em 1260 apontavam já que estes povos tinham alcançado a América no século X.
Os dados de DNA vêm acrescentar que os genes das populações se cruzaram. A linhagem encontrada nas quatro famílias (C1e) é mitocondrial, uma organela da célula externa ao núcleo e implicado nos processos de produção de energia, que é herdado exclusivamente da mãe.
Os vikings terão levado uma mulher ameríndia para a Islândia por volta do ano 1000, que cruzou os seus genes com os da população local. Esta é uma hipótese plausível, acredita Carles Lalueza-Fox, investigador do Instituto de Biologia Evolutiva (CSIC - Universidade Pompeu Fabra, Barcelona), pois a ilha ficou bastante tempo isolada a partir dessa época.
A investigação foi realizada em colaboração com a Universidade da Islândia e a empresa farmacêutica Decode Genetics, ambas de Reiquiavique.
À semelhança do que tem acontecido em anos anteriores, o IICT participa na Semana da Ciência 2010, que se irá realizar entre os dias 22 e 28 de Novembro.
As actividades do IICT começam no dia 23, com uma visita guiada à colecção de Zoologia do IICT, com discussão sobre o material em colecção, métodos de museologia aplicados, efectivação dos trabalhos e resultados práticos (publicações, colaborações, etc.), sob a orientação do Professor Luís Mendes. No dia 26, a investigadora Isabel Moura fará uma visita guiada ao Jardim Botânico Tropical, onde os visitantes poderão apreciar as plantas de origem tropical e subtropical, com indicação de algumas espécies que se encontram ameaçadas de extinção, e ainda conhecer o laboratório de cultura de tecidos do JBT. Para fechar a semana, no Sábado dia 27, a equipa de Arqueologia irá realizar 2 actividades no JBT - "Arqueologia ao Sábado". No Atelier “O que é a Arqueologia?”, indicado para crianças dos 6 aos 14 anos, será feito um circuito de actividades simples relacionadas com o método de trabalho de um arqueólogo no campo e no gabinete, nomeadamente escavação e desenho arqueológico. No Atelier de Talhe será feita uma demonstração, ao vivo, de talhe de instrumentos líticos, por um especialista, o Doutor Francisco Almeida, observando como o Homem do Paleolítico os executaria.
As actividades são abertas ao público, e as inscrições devem ser feitas por telefone ( 21 361 63 43 21 361 63 43) ou email. Agradecemos a divulgação pelos vossos contactos.
Os segredos do subsolo no Concelho do Fundão – seis anos de escavações arqueológicas (2003-2009)
No próximo dia 4 de Dezembro, realiza-se no Fundão o colóquio Os segredos do subsolo no Concelho do Fundão – seis anos de escavações arqueológicas (2003-2009).
Neste encontro estarão reunidos os arqueólogos que têm efectuado trabalhos de escavação no Concelho do Fundão, para uma apresentação dos resultados dessas mesmas investigações.
As conferências iniciam-se às 10h00 no Museu d’Imprensa (Casino Fundanense) e a entrada é livre.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Relembramos...
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ARQUEOLOGIA AO SUL,
CONFERÊNCIA,
NAP
domingo, 21 de novembro de 2010
A Ciência à Procura do Passado - O Laboratório de Arqueociências
Nesta emissão dos Encontros com o Património visitamos o Laboratório de Arqueociências , em Lisboa, onde diversos investigadores, nacionais e estrangeiros, desenvolvem programas de pesquisa, em antigos territórios humanos, e na paisagem portuguesa. São nossos anfitriões David Gonçalves, Ana Cristina Araújo, Randi Danielsen, Marina de Araújo Igreja, Simon Davis e Sónia Marques Gabriel.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
NAP no V Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular
No âmbito do V Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, em Almodôvar, estiverem presentes vários investigadores de várias nacionalidades, bem como algumas participações de membros do NAP.
Este V Encontro pretende juntar arqueólogos com trabalhos e projectos numa vasta zona ibérica, para apresentar e discutir a evolução e resultados da sua investigação. Os trabalhos decorrerão ao longo de três dias, agrupando as comunicações em grandes períodos cronológicos, com uma conferência inicial por um orador convidado.
Leandro Infantini, Carolina Mendonça - "As linhas de costa e a tecnologia lítica durante o tardiglaciar do Algarve"
Vera Pereira - "Alcarias de Odeleite sob perspectiva zooarqueológica"
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Oldest tool-use claim challenged
Science correspondent, BBC News
The idea that human ancestors were using stone tools about 3.4 million years ago has been challenged by a Spanish-led team of researchers. The original claim was based on what were purported to be butchery marks on animal bones found in Ethiopia. It pushed back the earliest known tool-use and meat-eating in our ancestors by some 800,000 years. But Manuel Dominguez-Rodrigo and his team tell PNAS journal that the marks are more likely to be animal scratches. "A mark made with a stone tool could be morphologically similar to a mark that is accidentally made by an animal trampling on a bone, if the bone is lying on an abrasive [surface]," said Dr Dominguez-Rodrigo from the Complutense University of Madrid. "We can match mark-by-mark every single mark on the fossils with marks that we obtain using trampling criteria," he told BBC News. The group behind the original claim has robustly defended its position.
"Needless to say we don't agree with their interpretation," said Shannon McPherron from the Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, Leipzig, Germany. "But this is science; debate is good - we welcome it." The earliest indisputable evidence for early-human tool use comes from two locations in Ethiopia separated by about 100km, in the nearby Gona and Bouri areas of the country. These date to about 2.6 million years ago. Dr McPherron and colleagues first presented their fossil bone evidence in August. It comprised the rib of a cow-sized animal and the thigh bone of a goat-sized antelope discovered in the Dikika region. The specimens were said to have the sort of damage stone tools would produce if ancestral humans had tried cleave the meat from the bones and get inside them to extract the marrow. The fossils were dated to about 3.4 million years ago, putting them in the time frame of the famous hominin Australopithecus afarensis, better known as "Lucy". But Dr Dominguez-Rodrigo's team is now contesting this view. The researchers compared the other group's findings with previous studies that have detailed the natural processes - such as animals stepping on objects - capable of leaving marks on fossil surfaces. According to the Spanish team, most of the purported tool marks on the Dikika bones can be put down to trampling and geological abrasion.
'The totality'
The evidence from the two bones is not sufficient to overturn the consensus timeline of human behavioural evolution, the scientists say. The Dikika region of Ethiopia: The hunt goes on for the origin of humans. "This might seem like an obscure debate but if [McPherron and colleagues] are correct, the implications are huge," argued Dr Dominguez-Rodrigo. "In the future, we may find traces of hominins eating meat and using stone tools long before we already know. But if they are right that means these features appear long before creatures had the brain to actually do this, from the interpretation we have from the last 40 years. So it's a big statement that has to have a special kind of evidence." At the time of its publication in the journal Nature, the McPherron team tried to head off criticism that the marks were inflicted by animals. In its view, the stone-tool origin of the damage was "unambiguous". Dr McPherron said he was disappointed that the Spanish team had not examined the bones directly - only pictures of them. "There are quite a few marks on these bones and on a few of them they think that the pattern that you see falls within the range you see for trampling," he said. "But the point is to explain the totality of the marks on these bones, and the totality fits very well within the pattern for cut-marked, or stone-tool-modified, bones," he told BBC News.
Quantitative Archaeology Wiki
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Ciclo de Conferências ARQUEOLOGIA AO SUL
No âmbito das iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas pelo Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia (NAP) da Universidade do Algarve, é com grande prazer que informamos que se iniciará, já no próximo dia 25 de Novembro, o ciclo de conferências Arqueologia ao Sul.
Pretendendo ser um projecto a longo prazo e sem periodicidade definida, os principais objectivos do Arqueologia ao Sul são, por um lado, a apresentação de temas actuais nas áreas da Arqueologia e Paleoecologia Humana e, por outro, a criação de um espaço, aberto a todos os interessados, onde se possam debater as ideias e temáticas apresentadas pelo orador convidado.
A inauguração do ciclo fica a cargo de Francisco Almeida com uma conferência dedicada aos “Novos desafios ao estudo da transição Gravetense-Solutrense em Portugal” que terá lugar dia 25 de Novembro pelas 17h30, na sala 2.35 do edifício da FCHS da UAlg (Campus de Gambelas).
Francisco Almeida, arqueólogo de profissão, licenciou-se em História – variante Arqueologia, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1992. O gozo pela Pré-História antiga, desde cedo, o faz rumar aos Estados Unidos da América para frequentar o programa de pós-graduação em Arqueologia na Southern Methodist University (Dallas, Texas). Nesta universidade completa o Mestrado em 1996, seguido do Doutoramento em 2000, com a dissertação: O Gravetense terminal da Estremadura Portuguesa, variabilidade tecnológica das indústrias líticas (Almeida, 2000). Regressa a Portugal para trabalhar como investigador no ex-IPA, actual IGESPAR., coordenando, desde então, os trabalhos arqueológicos no Abrigo do Lagar Velho, Leira. Actualmente é investigador de Pós-Doutoramento na Faculdade das Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve.
Dissertação de Doutoramento
ALMEIDA, F. (2000) - The Terminal Gravettian of Portuguese Estremadura. Technological variability of the lithic industries. Unpublished PhD Dissertation. Southern Methodist University, Dallas, Texas, EUA.
Síntese bibliográfica
ALMEIDA, F. (1998) - O Método das Remontagens Líticas: Enquadramento Teórico e Aplicações. In Trabalhos de Arqueologia da EAM, 3, Lisboa, Colibri, pp.1-40.
ALMEIDA, F. (2001) - Cores, tools, or both? Methodological contribution for the study of carinated lithic elements: the Portuguese case. In HAYS, M.; THACKER, P. (eds.) Questioning the Answers: Resolving Fundamental Problems of the Early Upper Paleolithic. Oxford: Archaeopress (British Archaeological Reports International Series; 1005), pp. 91-97.
ALMEIDA, F. (2002) – O Paleolítico. In FONTES, J.L. (Coord.) A dos Cunhados – Itinerários de Memória, Pró-Memória, A dos Cunhados, pp. 49-54.
ALMEIDA, F.; ARAÚJO, A.C.; AUBRY, T. (2003) Paleotecnologia lítica: dos objectos aos comportamentos. In MATEUS, J.E.; MORENO, M. (ed.) Paleoecologia humana e Arqueociências. Um programa multidisciplinar para a Arqueologia sob a tutela da Cultura. Trabalhos de Arqueologia, nº 29, Lisboa, IPA, pp. 299-349.
ALMEIDA, F. (2007) Refitting at Lapa do Anecrial: Studying Technology and Micro Scale Spatial Patterning through Lithic Reconstructions. In SCHURMANS, U. & DE BIE, M. (ed.) Fitting Rocks: Lithic Refitting Examined, BAR International Series 1596, pp. 55-74..
ALMEIDA, F. (2008) Big Puzzles, Short Stories: advantages of refitting for micro-scale spatial analysis of lithic scatters from Gravettian occupations in Portuguese Estremadura. In AUBRY, T.; ALMEIDA, F.; ARAÚJO, A.C.; TIFFAGOM, M. (eds.) Proceedings of the XV World Congress UISPP (Lisbon, 4-9 September 2006) 21 Space and Time: Which Diachronies, which Synchronies, which Scales? / Typology vs Technology. BAR S1831, pp. 69-79.
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
VI Encontro Nacional de Biologia Evolutiva
O VI Encontro Nacional de Biologia Evolutiva terá lugar no dia 22 de Dez., na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com o apoio do Centro de Biologia Ambiental (CBA/UL) e Centro de Biociências (ISPA).
O Encontro terá início às 10, com uma palestra (às 10h30) em homenagem ao Prof. Carlos Almaça, pelo Prof. Luís Vicente. A participação nesta palestra não requere inscrição.
As inscrições deverão ser feitas enviando uma mensagem para biologia.evolutiva@gmail.com, indicando o vosso nome e afiliação/instituição. A participação é gratuita.
Se quiserem fazer uma apresentação, por favor enviem também:
- Título da apresentação,
- Lista de autores,
- Resumo (max 250 palavras)
- Suporte preferido (oral ou poster).
O prazo de inscrição é até 26 de Novembro.
Mais informações em http://www.biologia-evolutiva.net/
V Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular
domingo, 14 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Reconstruindo os Puzzles do Passado: Remontagens de Pedra Lascada
A Secção de Pré-história da Associação dos Arqueólogos Portugueses vai levar a cabo, no dia 4 de Dezembro próximo (9.30h-18.00), no Museu Arqueológico do Carmo, um workshop intitulado Reconstruindo os Puzzles do Passado: Remontagens de Pedra Lascada, com coordenação científica de Francisco Almeida.
Entrada Livre.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Ciclo de Conferênciaas MNA
Relembra-se que o GEEvH, o NAP e o Museu Nacional de Arqueologia, realizam amanhã, dia 10 de Novembro, pelas 18 horas, a segunda conferência do ciclo de conferências "Arqueologia e Antropologia…. Territórios de fronteira"
"As Origens do Olduvaiense: Serão os chimpanzés (Pantroglodytes) bons modelos para a evolução das primeiras tecnologias em África?"
por Susana Carvalho, scr50@cam.ac.uk
(Leverhulme Centre for Human Evolutionary Studies, University of Cambridge, Cambridge, 2 CB 1 QH, United Kindgom; CIAS – Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, Universidade de Coimbra, 3000-056, Coimbra, Portugal)
Resumo:
Compreender como e porquê surge o uso de ferramentas em primatas humanos tem sido um objectivo essencial da arqueologia e antropologia, desde o aparecimento destas disciplinas. As tecnologias mais antigas datam de há 2.6 milhões de anos, e as evidências desta indústria conhecida como “Olduvaiense”, são maioritariamente compostas por pedras talhadas (líticos) que perduraram no registo arqueológico (Semaw et al. 1997). As características que permitem discriminar estes artefactos (i.e. pedras modificadas intencionalmente) são bem conhecidas dos arqueólogos (Bordes 1961, Leakey 1971, Tixier et al. 1980, Isaac and Harris 1997).
As tecnologias de percussão mais antigas incluem artefactos provenientes de escavações na África Oriental (Semaw et al. 1997; Delagnes and Roche 2005). Desde 1970, muitos estudos analisaram a tipologia e tecnologia destas colecções (e.g. Leakey 1971; Toth 1985; Isaac and Harris 1997), mas os martelos e as bigornas foram consideravelmente desvalorizados, sendo vistos como uma espécie de “parentes pobres” da tecnologia de talhe.
Durante a década de 60, Jane Goodall observou chimpanzés a fabricar e usar diversas ferramentas (Goodall 1963) e, um pouco antes, era descoberto o uso de pedras para partir nozes entre comunidades de chimpanzés da África Ocidental (Beatty 1951). Recentemente, a escavação de um sítio arqueológico de nut-cracking de chimpanzés com 4300 anos BP (Mercader et al. 2007) estabeleceu uma “Idade da Pedra” recente para esta tecnologia de primatas não-humanos.
Desde 2006, um projecto de investigação interdisciplinar, conjugando arqueologia e primatologia, investiga o nut-cracking praticado por chimpanzés em habitat natural, visando caracterizar estes utensílios, bem como analisar a distribuição espacial e variação regional destas ferramentas e suas áreas de actividade (Carvalho et al. 2008). O estudo foca-se no uso de ferramentas nas florestas de Bossou e Diecké (Guiné Conakry), e utiliza estes primatas não-humanos como modelos, procurando testar a hipótese que considera terem existido indústrias de percussão mais antigas, que ainda não terão sido detectadas no registo arqueológico. Os resultados preliminares desta investigação contribuíram para a recente proposta de uma nova disciplina: Arqueologia de primatas (Haslam et al. 2009).
Um laboratório ao ar livre no centro da floresta de Bossou, permite realizar experiências de nut-cracking, utilizando nozes disponíveis na floresta (Elaeis guineensis) e nozes estranhas ao habitat local (Coula edulis) (Matsuzawa 1994, Biro et al. 2003). Os dados recolhidos durante 5 anos de sessões experimentais revelaram a selecção e uso preferencial de determinados pares de ferramentas. Os chimpanzés repetem a combinação de alguns martelos com algumas bigornas de forma sistemática. O uso repetido dos mesmos pares de ferramentas pode amplificar as marcas de uso e aumentar a possibilidade de fractura dos elementos. Este padrão de utilização sugere que comportamentos semelhantes poderão ter originado os primeiros episódios de talhe acidental em hominínios (Mora e de la Torre 2005; Carvalho et al. 2009).
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TERRITÓRIOS DE FRONTEIRA
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
NAP...
"O Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia surge da determinação de um grupo de alunos da Universidade do Algarve em dinamizar e promover a disciplina arqueológica. O Núcleo reuniu-se pela primeira vez no dia 8 de Novembro de 2008."
Assim se lê no preâmbulo do nosso regulamento...
O NAP - Núcleo de Arqueologia e Paleoecologia da Universidade do Algarve faz hoje 2 anos.
A todos os que contribuíram, contribuem e contribuirão para o crescimento e enriquecimento deste nosso projecto, o nosso muito obrigada.
sábado, 6 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
V Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsula
Este V Encontro, organizado pela Câmara Municipal de Almodôvar, o Instituto de Gestão de Património Arquitectónico e Arqueológico e a Universidade de Huelva, pretende juntar arqueólogos com trabalhos e projectos numa vasta zona ibérica, tendo em vista discutir a evolução e os resultados da sua investigação. Os trabalhos, que decorrerão ao longo de três dias, iniciam-se com uma conferência inaugural, organizando-se as comunicações, por grandes períodos cronológicos.
Assistentes: inscrição até 12 de Novembro.
Preços
Comunicantes e Posters: 35€
Assistentes: 35€
Estudantes: 25€
(Serão entregues as actas do encontro)
Organização
Câmara Municipal de Almodôvar, Instituto de Gestão de Património Arquitectónico e Arqueológico, Universidade de Huelva
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Os pacientes egípcios
O Lisbon Mummy Project examinou três múmias egípcias. Os resultados preliminares são de cortar a respiração.
Em 1896, o físico Wilhelm Röntgen conseguiu realizar o primeiro raio X a um tecido humano. Escassos quatro meses depois, em Frankfurt, a tecnologia foi aplicada à egiptologia com a execução de raios X das múmias de um gato e de uma criança. A ciência da radiologia e a egiptologia têm caminhado de braço dado. A tomografia axial computorizada (TAC) é outro bom exemplo: inventada em 1972, foi rapidamente absorvida pelos estudiosos do Antigo Egipto e, cinco anos depois, em Toronto, foi feita a primeira TAC a um sarcófago egípcio. “A aplicação da radiologia à arqueologia tem sido inestimável”, diz Luís Raposo, director do Museu Nacional de Arqueologia (MNA).
Texto de Gonçalo Pereira
Fotografias de Lisbon Mummy Project
Leia mais em nationalgeographic
PÁG. 38 / NOVEMBRO 2010
Digger finds Neolithic tomb complex
Archaeologists on Orkney are investigating what is thought to be a 5,000-year-old tomb complex.
A local man stumbled on the site while using a mechanical digger for landscaping. It appears to contain a central passageway and multiple chambers excavated from rock. There is a large neolithic burial complex nearby called The Tomb of the Eagles where over 300 bodies were found. "Potentially these skeletons could tell us so much about Neolithic people," said Orkney Islands Council archaeologist Julie Gibson. "Not only in relation to their deaths, but their lives." One end of the tomb was accidentally removed as it was discovered and as a result, the burial site has now been flooded. Archaeologists are in a race against time to recover its contents before they are damaged or destroyed. "There might also be other material, pottery or organics such as woven grass, buried in there - which cannot last under the circumstances," said Ms Gibson. The rescue excavation is being undertaken by archaeologists from Orkney College and is sponsored by by Orkney Islands Council and Historic Scotland. The team are posting daily video updates from the excavations which are expected to take 10 days.
in BBC News
31-10-2010
O segredo lunar das antas e dos menires
Alinhamento de dólmenes com a lua cheia da Primavera abre a porta à visão cosmológica no Neolítico. Há portugueses nesses estudos.
Seria preciso estar lá no momento certo, quando a lua cheia da Primavera se eleva no horizonte, alinhada com algumas das pedras do cromeleque, ou com o seu eixo central, consoante os monumentos. Em Almendres, o maior círculo de pedras milenares da Península Ibérica, esse alinhamento é com dois menires: um no topo, outro na base do monumento. No de Vale d'el Rey, que tem a forma de uma ferradura, o ponto no horizonte onde nasce a primeira lua cheia da Primavera alinha-se com o seu eixo central. O físico Cândido Marciano da Silva, que há décadas percorre o país para fazer medições nestes locais, evoca a emoção desse testemunho. "É um fenómeno muito especial, sente-se ali qualquer coisa", diz.
Há cinco a oito mil anos, quando os homens do Neolítico ergueram estas pedras na paisagem, bem como os dólmenes ou antas (os seus monumentos funerários), poderiam ter sentido algo semelhante ao contemplar no céu os movimentos do Sol e da Lua. Na sua relação com o horizonte, e com os astros inacessíveis, esses agricultores e pastores teriam também a sua cosmologia própria. É isso que Cândido Marciano da Silva procura ler nas medições que há cerca de três décadas faz nestes monumentos.
Não é o único. O jovem físico Fábio Silva, que mediu a orientação de 31 antas entre o Douro e o Mondego, está a desenvolver trabalho nesta área. Os estudos de ambos, publicados no Journal of Cosmology, e noutras revistas científicas, mostram que o Sol e a Lua, na sua dança diurna-nocturna e na sua ligação às estações do ano, estão "marcados" na posição das pedras na paisagem, que apontam para direcções bem definidas. E esse conhecimento abre a porta para a compreensão da visão cosmológica dos seus construtores.
Foi em Inglaterra, nos anos 70 do século XX, que se consolidou a ideia de que os monumentos dos homens do Neolítico poderiam encerrar uma visão cosmológica relacionando os astros com os mistérios da existência. Fixadas pela agricultura, estas comunidades ganharam há nove, dez mil anos, a noção de horizonte e começaram a aperceber-se dos ritmos anuais do Sol (Verão e Inverno, tempo quente, tempo frio), e também dos da Lua (noites escuras ou luminosas), que marcavam os ciclos da natureza, da actividade agrícola e da própria vida.
Mas como estabelecer uma relação directa e inequívoca entre os monumentos neolíticos e a visão cosmológica, envolvendo os astros?
O trabalho dos astrónomos britânicos Clive Ruggles e Michael Hoskin, entre outros, ajudou a dar resposta ao problema. Ao fazer medições sistemáticas da orientação espacial de antas e menires "eles confirmaram estatisticamente que estes monumentos têm orientações preferenciais, em que há alinhamentos com eventos astronómicos solares e, ou, lunares", explica Fábio Silva, que acaba de concluir o doutoramento em astronomia, em Londres.
Hoskin, por exemplo, correu a orla mediterrânica a partir dos anos 80, incluindo Portugal, para fazer um levantamento da orientação de antas, e em 2001 publicou os resultados. Na sua leitura, a orientação preferencial destes monumentos, para nordeste parecia apontar para alinhamentos desses túmulos milenares com o nascer do Sol no Outono e na Primavera. Ou seja, por altura dos equinócios. O que quereria isto dizer?
Pegando nas medições feitas por Hoskin em 96 antas do Alentejo Central, e alargando o estudo a outras 81 na região, num total de 177, Cândido Marciano da Silva acabou por verificar que a esmagadora maioria destes monumentos funerários tem o seu eixo central alinhado com uma faixa muito estreita do horizonte, a meio caminho entre os pontos extremos do nascimento do Sol marcados pelos solstícios de Inverno e de Verão. "Tinha de haver uma explicação", diz.
Aqui é preciso dizer que o Sol nasce ao longo do ano em diferentes pontos do horizonte. Entre o solstício de Inverno e o de Verão, e se se considerar o horizonte como uma linha que corre de norte para sul, verifica-se que a partir do solstício de Inverno, quando o Sol atinge a sua posição extrema a sul, ele passa a nascer cada vez mais para norte, até atingir o outro ponto extremo no horizonte, no solstício de Verão. Entre ambos os extremos, mais a menos a meio desse caminho, ocorre o equinócio da Primavera e durante alguns dias, o Sol e a Lua nascem em pontos do horizonte muito próximos entre si. E é para aí, para essa faixa estreita do horizonte, que aponta a esmagadora maioria das antas medidas por Cândido Marciano da Silva.
A explicação tem que ver com a primeira lua cheia da Primavera, defende o investigador português, que publicou a sua proposta em 2004 e que assim abriu a porta a um novo olhar sobre estes monumentos e sobre a visão cosmológica dos seus construtores. A lua cheia da Primavera coincide com o renascimento da natureza e poderia portanto ter sido percebida como um marco significativo na vida pelos homens do Neolítico. Aberta essa porta, Fábio Silva conseguiu também ir um pouco mais longe ao fazer as medições nos dólmenes entre Douro e Mondego. "Os do Mondego estão, na sua maioria, alinhados com a primeira lua cheia após o equinócio da Primavera, e os do Vouga, Paiva, Torto e Côa com a primeira lua cheia após o equinócio de Outono", explica o jovem investigador. Mas a interpretação desta diferença não é linear. Seriam os seus construtores oriundos de duas comunidades distintas? Não é possível dizê-lo. A única resposta é continuar a fazer estudos, estendendo as medições a mais monumentos nessa e noutras regiões do País. É nisso que ambos estão empenhados.
Chimpanzés coordenam as mãos como os seres humanos
Investigação sugere que utilização preferencial da mão direita não está ligada à linguagem
Os seres humanos são maioritariamente destros. Há alguns anos, pensava-se que esta era uma característica exclusivamente humana. Uma investigação espanhola veio agora confirmar o que já alguns estudos indicavam: os chimpanzés partilham connosco esta distinção.
Num artigo publicado no «American Journal of Primatology», os cientistas afirmam que “ambas as espécies têm um funcionamento cerebral parecido”. O estudo foi realizado por uma equipa multidisciplinar da Fundación Mona, da Universidade Rovira i Virigili (Tarragona), do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social e da Universidade de Barcelona.
Os investigadores explicam que a utilização preferencial de uma das mãos é uma característica que reflecte a divisão funcional do cérebro na execução de uma série de tarefas. Do ponto de vista da evolução é importante saber desde quando esta está presente no ser humano, pois assim poderá explicar-se o surgimento da linguagem e da tecnologia.
Antigamente, acreditava-se que o hemisfério esquerdo seria dominante sobre o direito devido ao processamento de informação linguística, influenciando o uso da mão direita para as actividades quotidianas. Nos últimos anos começou a questionar-se isso e se seríamos os únicos com essa característica.
No caso dos primatas, nomeadamente dos chimpanzés, estudos norte-americanos já indicavam que estes seriam maioritariamente destros, tal como o ser humano. Mas as investigações tinham sido realizadas com animais em cativeiro.
Neste estudo recente foram utilizados 114 chimpanzés, da espécie Pan troglodytes, que vivem na natureza, em dois Centros de Recuperação de Primatas: Chimfunshi (Zâmbia) e Fundación Mona (Riudellots de la Selva, Girona).
Os investigadores detectaram acções complexas que implicam o uso e a coordenação de ambas as mãos. Chegaram à conclusão que têm uma assimetria manual semelhante aos humanos. Além do mais, as fêmeas são mais destras do que os machos, o que sugere que existem factores biológicos (genéticos e hormonais) que influenciam o funcionamento do cérebro.
Segundo Miquel Llorente, responsável por este projecto, “as raízes evolutivas desta característica seriam muito mais profundas do que até agora se pensava e teriam aparecido há seis ou sete milhões de anos, altura em que aconteceu a divergência entre chimpanzés e hominídeos. A assimetria manual não será, então, devido à linguagem”.
Os resultados “são o reflexo da desmistificação de muitas das coisas que eram tidas como singularidades da nossa espécie, como o uso de instrumentos ou uma complexa vida social”, explica. Agora, há evidências de que os chimpanzés, quando realizam acções complexas que requerem a utilização de instrumentos ou a coordenação de ambas as mãos, usam preferencialmente a direita.
Deste ponto de vista, pode dizer-se que compartilhamos um tipo de funcionamento cerebral semelhante e que foi sobre essa base que o ser humano construiu uma tecnologia altamente complexa e um sistema de comunicação flexível e poderoso.
in Ciência Hoje
2010-10-28
Etiquetas:
ANTROPOLOGIA,
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NOTÍCIAS
Homem moderno já produzia pão há 30 mil anos na Europa
Os ingredientes eram só dois: farinha e água. Há 30 mil anos não havia sal nem fermento na culinária. Por isso, o pão em forma de bolacha era crocante e sem sabor. Uma equipa de investigadores encontrou vestígios em vários sítios arqueológicos na Europa que mostram que este alimento tinha um lugar importante na dieta dos caçadores-recoletores muito antes da existência de agricultura.
Antes desta descoberta, tinham sido encontradas pedras utilizadas para moer cereias com 20 mil anos em Israel (Nuno Ferreira Santos (arquivo))
“É como um pão achatado, como uma panqueca feita só de água e de farinha”, disse citada pela Reuters Laura Longo, da Universidade de Siena, em Itália, uma dos dez autores do artigo com a descoberta, publicado esta semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. “Faz-se uma espécie de pita e cozinha-se numa pedra quente”, disse. O resultado é um alimento “crocante como uma bolacha, mas sem grande sabor”.
Os investigadores encontraram grãos de amido em pedras com 30 mil anos que serviriam para moer vegetais, na Itália, na Rússia e na República Checa. Antes, tinham sido encontradas pedras de moagem com 20 mil anos em Israel.
As pedras tinham restos de pequenos grãos de vegetais que os cientistas identificaram como sendo de raízes de fetos, e de uma erva chamada de Brachypodium e grãos do género da Thyfa, que são tão nutritivos como os cereais utilizados hoje.
Só durante o neolítico, há cerca de dez mil anos, é que o homem começou a plantar cereais para a alimentação, iniciando a agricultura. Mas os investigadores defendem que a abundância destas plantas seria suficiente para os alimentos fazerem parte da dieta regular 20 mil anos antes.
Um factor importante para a descoberta destes grãos, foi o facto de os investigadores não lavarem as pedras encontradas. A lavagem das pedras dificultou durante muito tempo a descoberta de vestígios vegetais da alimentação, o que fez pensar que a dieta destas populações era feita à base de carne.
19.10.2010 - 11:53
in PÚBLICO
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