terça-feira, 20 de julho de 2010

Ciclo de Conferências de Jovens Investigadores


Inicia-se já no próximo dia 24 de Julho, sábado, o Ciclo de Conferências de Jovens Investigadores, com organização conjunta da Sociedade Martins Sarmento e do CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (FCT - UM).

Este evento vai prolongar-se até Dezembro, com sessões mensais, perfazendo um total de seis sessões. Os comunicantes são jovens investigadores na área da Arqueologia e irão apresentar comunicações breves acerca de temáticas variadas, nas quais têm desenvolvido as suas investigações, desde o Paleolítico até à Idade Moderna.

Mais informações em:

sábado, 17 de julho de 2010

Símios e hominídeos «separaram-se» mais tarde do que se pensava

Nova peça do «puzzle» da evolução humana encontrada na Arábia Saudita
2010-07-15, in Ciência Hoje




Fragmentos do crânio do ‘Saadanius hijazensis’ (foto: Museu de Paleontologia / Univ. de Michigan)
Fragmentos do crânio do ‘Saadanius hijazensis’ (foto: Museu de Paleontologia / Univ. de Michigan)

A descoberta, na Arábia Saudita, dos restos fossilizados de um primata desconhecido pode ser a chave para se descobrir o momento em que os símios e hominídeos seguiram caminhos diferentes.

Cientistas de várias universidades americanas revelam esta semana, na revista Nature, a descoberta do crânio de uma espécie de símio, que foi baptizado de "Saadanius hijazansis" e que viveu há entre 29 e 24 milhões de anos na Arábia Saudita, local onde os seus restos mortais foram encontrados.

No estudo, liderado por Lyad S. Zalmout, da Universidade de Michigan, os investigadores assinalam que este primata, que pesava entre 15 e 20 quilos, tem características que retardam o momento de divergência entre o ramo dos grandes primatas (gorilas, chimpanzés, humanos e orangotangos) e o dos símios cercopitecoídeos (macacos, babuínos, etc.), que têm origem num antepassado comum.

As estimativas que tinham sido realizadas com o genoma indicavam que a separação tinha ocorrido entre 35 e 30 milhões de anos, mas nunca tinham sido encontrados fósseis que suportassem estas conclusões sobre a divergência genética entre os dois ramos.

Fóssil foi encontrado em 2009  (foto: Museu de Paleontologia / Univ. de Michigan)
Fóssil foi encontrado em 2009 (foto: Museu de Paleontologia / Univ. de Michigan)
Esta “vazio” foi agora preenchido com esta descoberta. Segundo os investigadores, o fóssil apresenta algumas características do antepassado comum entre os símios e os hominídeos, o que implica que esta divergência tenha ocorrido mais tarde do que se pensava até agora.

Os autores do estudo acreditam que os resultados obtidos são uma peça fundamental para a compreensão da natureza e da sincronização dos acontecimentos filogenéticos relevantes para as origens humanas.

História do ser humano ganha espaço próprio em Burgos

Inaugurado «Museo de la Evolución Humana»
2010-07-15, in Ciência Hoje

Difundir conhecimento sobre a evolução da espécie humana é o objectivo principal do museu inaugurado terça-feira em Burgos (província de Castela e Leão, Espanha). Foi a partir dos achados e da investigação que se realiza há várias décadas na Serra de Atapuerca, que nasceu Museu da Evolução Humana (MEH). O Museu quer ser uma referência mundial nesta matéria, até porque Atapuerca (situada na província de Burgos), sítio declarado património da Humanidade pela Unesco, em 2000, constitui o maior conjunto de achados sobre a história humana.


Organizado a partir de um guião científico elaborado por José María Bermúdez de Castro, Eudald Carbonell e Juan Luis Arsuaga, os três directores do projecto de Investigação da serra de Atapuerca, que fazem agora parte do comité científico do MEH, o espaço, de 12 mil metros quadrados, divide-se em vários pisos.

O projecto de paisagismo no interior do edifício recria a cenografia da Serra de Atapuerca. O piso menos um, concebido como o coração do museu, é um espaço expositivo que reproduz o complexo arqueológico-paleontológico daquele sítio.

O piso zero é dedicado à Teoria da Evolução de Darwin e à história da evolução humana. Aqui, pode encontrar-se a reprodução da popa do famoso Beagle, navio onde Darwin fez a expedição de investigação que motivou a escrita de «A Origem das Espécies».

Burgos, província de Castela e Leão, Espanha
Burgos, província de Castela e Leão, Espanha

No seguinte fala-se, principalmente, de cultura humana. O que nos liga e nos diferencia do homem caçador-recolector de há 9 mil anos e como foi a evolução da cultura material e tecnológica ao longo do tempo são as questões aqui propostas.

Há também uma zona dedicada à arte rupestre e várias maquetes que recriam os povoados das comunidades tanto nómadas como sedentárias.

Por fim, no último piso, recriam-se os três ecossistemas fundamentais da evolução humana: a selva, a savana e a estepe da última glaciação.

De referir que outro dos grandes atractivos do museu são as esculturas da artista francesa Elisabeth Daynès, especialista em reinventar a imagem dos nossos antepassados.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A estrada da evolução

A área do curso médio do rio Awash, na Etiópia, é a região da Terra com uma~ocupação humana mais persistente. Há quase seis milhões de anos que membros da nossa linhagem ali vivem. Entretanto, a erosão solta ossadas do solo. Caso a caso, elas documentam a maneira como um primata foi evoluindo até conquistar o planeta. Haverá melhor sítio para perceber como nos tornámos humanos? 

Fotografia por Tim D. Branca. Reconstrução digital do Ardipithecus ramidus, modelado em resina.

A vida é frágil em África, mas alguns restos mortais têm uma história para contar. A bacia de Afar localiza-se mesmo em cima de uma falha, em alargamento, da crosta terrestre. Ao longo das eras, os vulcões, os terramotos e a lenta acumulação de sedimentos convergiram entre si para enterrar as ossadas e, muito mais tarde, as devolverem à superfície sob a forma de fósseis. De acordo com o paleoantropólogo Tim White, da
Universidade da Califórnia, “há milhões de anos que morrem pessoas neste lugar. De vez em quando, temos a sorte de descobrir aquilo que delas resta”.
No passado mês de Outubro, o projecto de investigação Middle Awash, co-dirigido por Tim White juntamente com os colegas Berhane Asfaw e Giday WoldeGabriel, anunciou um achado produzido 15 anos antes: a descoberta do esqueleto de um membro da família humana morto há 4,4 milhões de anos num local denominado Aramis, cerca de trinta quilómetros a norte do lago Yardi. Pertencente à espécie Ardipithecus ramidus, esta adulta (baptizada “Ardi”) tem mais de um milhão de anos do que a famosa Lucy e fornece informação sobre um dos problemas--chave da evolução: a natureza do antepassado que partilhamos com os chimpanzés.

Texto de Jamie Shreeve
Reportagem completa in nationalgeographic do mês de Julho.